Prévia do IGP-M confirma tendência de saída da deflação

    A segunda prévia de setembro do Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) confirmou a tendência de saída da deflação, mas sem preocupação com uma aceleração excessiva dos preços. A opinião é de Salomão Quadros, superintendente-adjunto de inflação do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas (FGV). Segundo ele, a alta da prévia foi concentrada nas matérias-primas brutas, no atacado.

    Na segundo prévia deste mês, o IGP-M subiu 0,41%, contra alta de 0,03% na segunda parcial de agosto. Já o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que responde por 60% do IGP-M, subiu 0,63%, contra queda de 0,14% na segunda prévia de agosto.

    Dentro do IPA, as matérias-primas brutas passaram de 0,91% na segunda prévia de agosto para 1,91% agora. Quadros destaca, no entanto, que mesmo dentro das matérias-primas brutas, a alta está longe de ser generalizada. Segundo ele, o grande responsável pelo avanço foram os bovinos, que, com peso de 2,97% no IPA, passaram de -0,91% na segunda prévia de agosto para +7,62% agora.

    Quadros destaca que individualmente há diversos produtos em queda dentro das matérias-primas brutas. O leite in natura, por exemplo, passou de -2,31% na segunda prévia de agosto para -7,35% agora, enquanto o arroz passou de 0,53% para -1,16%; o trigo passou de 5,49% para -4,55% e a soja passou de -1,12% para -0,66%, sempre na comparação das segundas prévias de agosto e setembro.

    “O cenário das matérias-primas agropecuárias ainda continua muito favorável”, disse Quadros, lembrando que as matérias-primas agropecuárias passaram de -1,04% na segunda prévia de agosto para -0,02% agora.

    Outra fonte de alta no atacado veio dos combustíveis. O diesel, com peso de 2,72% no IPA, havia subido 3,08% na segunda prévia de agosto e avançou agora 6,40%. Já a gasolina, com peso de 1,45% no IPA, caíra 0,38% na segunda prévia de agosto e agora subiu 6,34%.

    “No IPA, a saída da deflação não está disseminada, mas está avançando”, frisou Quadros, alertando, porém, para setores importantes que seguram a alta de preços, como alimentos in natura, que seguem em queda de 3,57% (depois de recuo de 4,13% na segunda prévia de agosto) e os materiais para manufatura, que recuam 1,03%, ante queda de 0,69% na segunda prévia de agosto.

    No varejo, o cenário ainda é de aproveitar a contaminação de quedas de preços anteriores no IPA que agora são repassadas ao Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que tem peso de 30% no IGP-M e passou de 0,36% na segunda prévia de agosto para -0,10% agora.

    Quadros destaca que a deflação não só se prolonga como se acentua nos alimentos. A alimentação no domicílio, por exemplo, passou de -0,78% na segunda prévia de agosto para -1,46% agora. No geral, a alimentação passou de -0,40% para -0,84% nessa comparação. “Alimentação, habitação e efeito menor da gasolina nos transportes. Esses três é que fazem o grande efeito de redução do IPC”, frisou Quadros.

     

    Fonte: VALOR ECONÔMICO

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