Previdência mantém expansão apesar de cenário político

    Por Daniela Meibak | De São Paulo

    Os fundos de previdência aberta, que recebem recursos de planos PGBL e VGBL, conseguiram manter o ritmo já forte de captação observado no ano passado, apesar de experimentar alguma desaceleração no fim do primeiro semestre em decorrência da piora do cenário político com acordo de leniência da empresa de alimentos JBS.

    Nos primeiros seis meses, entre aplicações e resgates, os fundos atraíram R$ 18,2 bilhões, queda de 7% na comparação com o volume registrado no mesmo período de 2016. Em junho, o patrimônio líquido chegou a R$ 669,3 bilhões, um aumento de 20% na comparação com o fim do primeiro semestre de 2016

    Felipe Bottino, da Icatu, conta que o escândalo levou a uma desaceleração no ritmo de captação, mas o fluxo de investimentos já começa a se normalizar. “Vemos ainda uma captação muito forte, sobretudo nas grandes casas, mesmo após o resultado ruim de maio”, conta.

    Em termos de gestão, na primeira metade do ano a estratégia foi apostar na queda da taxa de Juros, com redução do risco nas carteiras ao longo do semestre diante da piora do cenário político. “A nossa carteira estava posicionada em títulos prefixados e em NTN-B, dada a expectativa de fechamento do cupom. A crise política, no entanto, levantou uma interrogação sobre a continuidade do processo de queda dos Juros e tivemos uma diminuição das posições mais longas”, conta Reinaldo Lacerda, da Votorantim Asset Management.

    O executivo afirma que a crise política não gerou tanta volatilidade, com exceção do dia do estopim da delação da JBS, o que fez com que a casa voltasse a apostar na queda da taxa de Juros para o segundo semestre.

    Marcelo Mello, da SulAmérica, afirma que a casa está hoje com uma posição muito parecida com a que tinha na primeira metade do ano. Para ele, as tendências não estão tão claras para montar posições muito grandes e estruturais, por isso prefere posições de prazo mais curto. “Mantivemos ao longo dos últimos meses estratégia aplicada em Juros nominais com posições de arbitragem da curva, nos vencimentos de 2020 e 2021, e mantivemos posições compradas em Juros reais”, explica.

    A Bradesco Asset Management (Bram), conforme o diretor de investimentos Ricardo Almeida, optou por reduziu o prazo das suas posições e se posicionar no indicador que tem mais visibilidade -a inflação. “Ainda apostamos que vamos ter corte de Juros, com aplicação tanto em juro real quanto em prefixado, mas com um pouco mais de risco e menos prêmio. Estamos com posições menores, concentradas onde temos mais visibilidade.”

    Fonte: Valor Econômico

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