Com a perda de empregos formais e a instabilidade na renda gerada pela crise, o número de trabalhadores ocupados (empregados, empregadores, autônomos) contribuintes da Previdência recuou de 59,21 milhões em 2016 para 58,114 milhões em 2017, considerando a média dos anos. Isso representa uma redução de 1,097 milhão de pessoas no período de um ano.
De acordo com os dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a proporção de pessoas ocupadas que contribuem para a Previdência Social recuou, assim, de 65,5% em 2016 para 64,1% em 2017. Foi a primeira queda de participação desde 2012, início da pesquisa.
Segundo Cimar Azeredo, coordenador de trabalho e rendimento do IBGE, a redução pode ser explicada, em parte, pela queda do número de trabalhadores com carteira assinada, que são obrigados a contribuir para a Previdência. O total desses trabalhadores recuou de 34,293 milhões em 2016 para 33,340 milhões no ano passado
“Outro motivo para a menor contribuição é a incerteza sobre a renda. Um trabalhador informal pode contribuir para a Previdência, como um cabeleireiro, uma manicure. Mas quando você não tem certeza que vai ter renda suficiente, quando você está se desdobrando, fica mais incerto continuar com essa contribuição”, diz Azeredo.
Apesar da queda do número de trabalhadores contribuintes, a arrecadação da Previdência Social cresceu 4,6% no ano passado, somando R$ 374,8 bilhões. Segundo Vânia da Conceição Pinto, da Fundação Getulio Vargas (FGV), isso seria explicado pelo aumento do rendimento, e não pelo aumento dos trabalhadores empregados no ano passado.
Com a inflação em baixa e a melhora do emprego, o rendimento médio real dos trabalhadores foi de R$ 2.154 no quarto trimestre de 2017, 1,6% acima do fim de 2016. Já a massa de rendimento real habitualmente recebida (em todos os trabalhos) somou R$ 193,368 bilhões no quarto trimestre de 2017, 3,6% maior do que no mesmo período de 2016 e 1,9% maior do que nos três meses anteriores.
De acordo com o IBGE, a taxa de desemprego recuou para 11,8% no quarto trimestre do ano passado, abaixo dos 12% registrados nos três meses anteriores. O resultado foi ligeiramente melhor que a média das projeções feitas por analistas de 27 Instituições Financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data, de 11,9% no período. O intervalo das estimativas ia de 11,6% a 12%.
Na média de 2017, a taxa de desemprego foi de 12,7%, superior à taxa média de 11,5% do ano anterior. É a maior da série histórica da pesquisa.
Segundo o IBGE, o país tinha 92,108 milhões de pessoas empregadas no quarto trimestre de 2017, 1,8 milhão mais do que no mesmo período de 2016. Frente ao terceiro trimestre do ano passado, 811 mil pessoas a mais conseguiram uma ocupação, seja formal ou informal. Neste caso, o movimento é liderado pelas contratações do comércio e de serviços no fim do ano.
Com mais gente ocupada, a fila de emprego diminuiu. O país tinha 12,311 milhões de pessoas procurando emprego no quarto trimestre de 2017, 0,3% a menos do que um anos antes – ou 31 mil pessoas a menos na fila. Frente ao terceiro trimestre, a queda foi forte, de 5%, uma redução de 650 mil desempregados.
Fonte: VALOR ECONÔMICO