PROPOSTA ESTÁ PARADA DESDE AS REVELAÇÕES DA DELAÇÃO DA JBS
Autor: MANOEL VENTURA, EDUARDO BARRETTO, LETÍCIA FERNANDES economia@oglobo.com.br
-BRASÍLIA- O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse ontem que vai pautar a votação da Reforma da Previdência na Casa em outubro, após a análise da reforma política pelos deputados. Maia afirmou que a decisão do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de abrir um procedimento que pode levar à rescisão do acordo de delação premiada da JBS não deve ajudar no andamento das medidas econômicas no Congresso.
– Vamos pedir ao governo para que nos ajude a dar quórum. A base tem número, e acho que o governo tem condições de colaborar com a Câmara para que a gente possa votar a reforma em outubro – disse Rodrigo Maia, após participar do desfile de 7 de Setembro, em Brasília.
A Reforma da Previdência está parada na Câmara desde que veio a público o conteúdo da delação dos executivos da JBS, em maio. A reforma foi aprovada numa comissão especial da Câmara e precisa passar por duas votações no plenário, antes de ser enviada ao Senado.
MOREIRA: DELAÇÃO ATRAPALHOU
O ministro Moreira Franco, da Secretaria Geral, disse que a ‘espetacularização’ das delações da JBS atrapalhou a economia do país e travou a Reforma da Previdência.
– A Reforma da Previdência, se não tivesse havido essa espetacularização, já poderia ter sido votada. Estaria tudo muito bem – afirmou o ministro.
Ele acrescentou que a delação atrapalhou a economia do país:
– Rigorosamente, todos esses episódios contribuíram muito para que a situação econômica não tivesse os ganhos que poderia ter. Os números que temos hoje poderiam ser muito maiores – comentou Moreira, pedindo que a Justiça tenha ‘muita cautela e serenidade’.
Ontem, prestaram depoimento à Procuradoria-Geral da República (PGR) os delatores Joesley Batista, Ricardo Saud e Francisco de Assis. Na segunda-feira, o caso teve uma reviravolta, quando a Procuradoria anunciou a existência de gravação que lança suspeitas sobre omissão de crimes nas colaborações premiadas e favorecimento aos delatores pelo ex-procurador Marcello Miller. A colaboração pode ser anulada.
Fonte: O Globo