Previsão de forte corte de gastos do governo

    Embora tenha praticamente mantido as suas observações sobre a execução da política fiscal, em relação ao relatório de inflação de março, o Banco Central projetou, no documento divulgado ontem, uma forte redução do consumo do governo neste ano, ao revisar suas estimativas para o crescimento da economia em 2015. 

    A análise do BC sobre os componentes domésticos da demanda agregada prevê uma queda de 1,6% no consumo do governo neste ano, ante uma expansão de 0,3% projetada no documento de março. Essa forte redução das despesas públicas, diz o anexo ao relatório, é “consistente com o cenário de ajuste fiscal em curso”. 

    Todas as projeções do BC para o comportamento da inflação neste e nos próximos anos foram feitas, segundo o relatório, com base na obtenção de um superávit primário de R$ 66,3 bilhões em 2015 e de 2% do PIB em 2016. 

    O BC repetiu, no relatório de ontem, o que tinha registrado em março: que o atual processo de ajuste das contas públicas sinaliza “comprometimento com o atingimento das metas de superávit primário em 2015 e nos anos seguintes”. 

    O BC repete também que “o cenário central para a inflação leva em conta a materialização das trajetórias com as quais trabalha para as variáveis fiscais” e considera que o indicador fiscal, utilizado nas projeções de inflação (o superávit primário estrutural entre dois períodos) tende a manter certa estabilidade no horizonte relevante para a política monetária, portanto, a gerar impulsos fiscais de magnitude desprezível. O relatório de junho pondera, como fez em março, que “não se pode descartar migração da política fiscal para a zona de contenção”. 

    O documento de ontem passa ao largo, portanto, da atual discussão dentro do governo sobre a redução da meta fiscal deste ano e do próximo. Em entrevista coletiva na terça-feira, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, não desmentiu a possibilidade de redução da meta fiscal de 2015, apenas afirmou que “é precipitado” falar em revisá-la. O fato é que a mudança da meta é dada como certa na área técnica devido à forte contração da economia neste ano, com queda expressiva da arrecadação de tributos.

     

    Fonte: Valor Econômico

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