Produção de moedas cai e falta de troco afeta transporte público

    Robson Sales – Do Rio

    Precisamos de troco. Esse é um pedido comum entre as principais concessionárias de transporte público no Rio. E a crise econômica tem tornado o problema ainda pior. Para conter despesas, o Banco Central reduziu o ritmo de produção de moedas, mas garante que as 24,8 bilhões de unidades são suficientes para atender a demanda.

    Outro obstáculo é o aumento do desemprego, que faz com que menos pessoas tenham o benefício do vale transporte e mais gente acabe pagando com dinheiro vivo a passagem. Isso aumenta a obrigação de troco e gera a necessidade de uma nova operação logística para conseguir moedas. Um custo a mais para as empresas. Atualmente, cerca de 55% dos passageiros usam o bilhete único para entrar no trem. Esse percentual já chegou a mais de 60% no ano passado.

    A Supervia, concessionária que administra os trens urbanos na região metropolitana do Rio, estima que o prejuízo para achar moedas no mercado chegue a R$ 700 mil por ano. Soma que acaba sendo repassada para os consumidores através do aumento de tarifa.

    Todos os meses, a companhia precisa captar quase 1,8 milhão de moedas para dar troco aos passageiros. Por dia, 690 mil pessoas usam o sistema de trens da cidade. A concessionária precisa pagar um ágio de até 5% para comprar moedas no mercado, fora do banco. Além de pagar a contratação de um carro-forte para fazer o transporte dos valores.

    Se, na hipótese de falta de troco em moedas nos guichês, a concessionária precisasse reduzir o valor da sua tarifa de R$ 4,20 para R$ 4, para facilitar o pagamento, estima-se que deixariam de ser arrecadados cerca de R$ 108 mil por mês, quase R$ 1,3 milhão no ano.

    “É um custo que não gera nenhuma eficiência”, disse o diretor administrativo financeiro da Supervia, Herbert Quirino. O reajuste anual do preço das passagens leva em consideração o arredondamento para facilitar o troco. A receita operacional líquida da concessionária no ano passado alcançou R$ 638,5 milhões.

    Esse é um drama semelhante enfrentado pelo metrô, que transporta 850 mil passageiros por dia útil entre as 41 estações do Rio. “Este ano, houve um aumento do problema em comparação ao ano passado”, confirmou a concessionária. Cerca de 30 mil moedas são usadas por dia nas bilheterias de todas as estações.

    Para fazer mil moedas de R$ 0,10, por exemplo, o BC gasta R$ 369,11. As de R$ 0,25 custam R$ 455,10 o milheiro. Sai caro fazer dinheiro. Por isso, a área técnica do banco tenta “administrar os estoques disponíveis com a finalidade de atender de forma mais equânime possível às demandas em âmbito nacional”.

    Os dados do BC mostram que em 2014 a fabricação de moedas cresceu 4,5% no confronto com 2013. No ano passado, na comparação com 2015, o aumento foi menor (3,4%). O BC informou que a despesa pública com o suprimento de moedas alcançou em 2016 cerca de R$ 243 milhões.

    A alternativa é fazer campanhas para que os usuários dos trens e metrô paguem as passagens com moedas ou usem mais cartões. Está sendo testado, em parceria com a Mastercard, o pagamento da passagem, já na catraca, com o cartão de crédito. Seria uma forma de agilizar o pagamento.

    Fonte: Valor

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