Plano é institucionalizar independência com mandato para diretores
Sergio Roxo
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Apoio. Campos (PSB) acredita que, se eleito, não terá maioria no Congresso
Ailton de Freitas/07-07-2014
Eleições 2014
SÃO PAULO > O programa de governo que o candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, lançará no final mês vai prever a formalização da autonomia do Banco CENTRAL em relação ao governo, com mandato fixo para seus diretores. Caso eleito, o presidenciável deve enviar ao Congresso um projeto de lei sobre o assunto.
Campos já havia defendido essa proposta em abril, mas havia dúvida se o tema seria levado adiante pela campanha porque a candidata a vice em sua chapa, Marina Silva, tinha se posicionado contra. Na época, a ex-senadora defendia a independência da instituição, mas sem a necessidade de institucionalizar isso. Nos últimos dias, ela foi convencida a mudar de posição.
A avaliação interna na campanha do PSB é que, na gestão da presidente Dilma Rousseff, o Banco CENTRAL não se manteve independente. Assim, para recuperar a credibilidade da economia, a formalização da autonomia seria um importante sinal ao mercado.
Reforma tributária >
Ontem, em debate convocado pelo Banco Itaú BBA para acontecer em São Paulo com grandes investidores, Campos defendeu a proposta e agradou aos presentes. O encontro foi fechado e reuniu cerca de 200 pessoas. Na saída, o presidenciável disse que um BancoCENTRAL independente faz parte de seu repertório para recuperar a credibilidade da economia e atrair investidores.
As diretrizes do programa de governo do candidato do PSB apresentadas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no momento do registro da candidatura, no começo do mês, não fazem qualquer referência à atuação do BC. O comando da campanha promete, no entanto, apresentar um plano detalhado de governo até o fim de julho.
No debate, Campos também se comprometeu a priorizar as reformas política e tributária no início de seu governo. O candidato do PSB disse ainda que vai se valer do apoio da sociedade civil para garantir a governabilidade caso seja eleito, já que provavelmente não contará com maioria no Congresso Nacional. De acordo com convidados do encontro, Campos acredita que o respaldo da população será suficiente para possibilitar a aprovação das reformas.
O candidato do PSB também se comprometeu a ser rápido na elaboração de sua proposta de reforma tributária.
– Falei para eles que nós vamos enviar logo nos primeiros dias ao Congresso Nacional (uma proposta de reforma tributária) – disse o presidenciável, na saída do evento.
Investidores divididos
De acordo com Campos, sua proposta de reforma tributária vai priorizar a justiça tributária, a transparência, um novo pacto federativo, a desoneração dos investimentos e a formalização do emprego .
Campos defendeu ainda uma nova postura do governo para atrair investimentos que possibilitem a retomada do crescimento da economia.
– Você não incentiva empresários, nem do Brasil nem de fora, a investir com palavras. Tem que ter atitudes coerentes. Criar um ambiente seguro, trazer a inflação para o centro da meta e fazer com que o Brasil tenha uma taxa de juros de classe mundial.
Para o presidenciável, a eleição pode retomar a confiança.
– A confiança foi quebrada. Será retomada pela força das urnas – declarou.
Os investidores saíram divididos da palestra de Campos.
– Concordo com as propostas dele, mas acho muito pouco provável que consiga implementá-las porque não terá maioria no Congresso – afirmou Nelson Nabhan, diretor da Nacon Empreendimentos e Participações.
– Aprovo o que ele falou. Acho que as mudanças propostas são necessárias – disse a executiva Claudia Ferrari.
Voo cego
CANDIDATO EM campanha costuma oferecer mundos e fundos – principalmente estes, e do contribuinte, é claro.
MAS O presidenciável Eduardo Campos extrapolou ao acenar com passe livre para estudantes, sequer um assunto da jurisdição do governo federal.
INTERESSADO EM atrair votos de movimentos que têm esta bandeira, Campos terá de explicar o mecanismo desta bolsa transporte .
QUANTO CUSTARÁ e de onde sairá o dinheiro.
Fonte: O Globo