Projeção de inflação mais alta

    O anúncio da nova equipe econômica da presidente Dilma Rousseff mexeu com as estimativas de inflação para este ano e para o próximo. Os analistas consultados pelo Banco CENTRAL (BC) já estão incluindo, em suas projeções, uma correção mais forte dos preços administrados. O mercado financeiro acredita que, com Joaquim Levy à frente do Ministério da Fazenda, as tarifas públicas não serão mais represadas para conter a carestia, como ocorreu durante o primeiro mandato com os preços de energia e combustíveis.

    Segundo o Boletim Focus, divulgado ontem, a previsão para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é de uma alta de 6,43% ao fim de 2014 e de 6,45% no término de 2015. Na avaliação do top 5 – grupo dos especialistas que mais acertam as projeções -, o cenário é ainda mais assustador: o índice deve chegar a 6,72% até dezembro do ano que vem. Para o economista-chefe da Concórdia Corretora, Flávio Combat, o realinhamento dos preços de combustíveis e energia manterá um impacto grande na economia no próximo ano. “As expectativas de inflação já incorporam um cenário em que os preços serão bastante pressionados a despeito de uma política monetária destrutiva”, avaliou.

    Para Combat, a água também trará reflexos na carestia. “É outra tarifa represada artificialmente que deverá ser repassada”, disse. Juntos, esses itens devem puxar, principalmente, a inflação dos alimentos. “São todos insumos básicos usados por pelo menos 90% das indústrias. Se o combustível é reajustado, sobe frete, e isso é repassado para os alimentos. O mesmo se aplica para água e energia. Não à toa que esses preços são administrados, porque há essa percepção de que, quando sobem, puxam uma cadeia de reajuste de vários outros preços”, explicou.

    Além da pressão do setor alimentício, um foco de alta da inflação que desafiará a nova equipe econômica é a taxa cambial. O BancoCENTRAL dos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed), vem sinalizando que pode elevar os juros no país a qualquer momento, o que causará uma transferência de recursos do mercado brasileiro para o norte-americano, considerado mais estável. O reflexo disso, de acordo com os analistas ouvidos pelo BC, é de que a cotação do dólar feche em R$ 2,55 ao término de 2014 e a R$ 2,65 no fim de dezembro do próximo ano.

    De acordo com o Focus, a taxa básica de juros deve ser elevada mais uma vez este ano, para 11,5%. Para 2015, e expectativa é de que se mantenha alta e feche o ano em 12%.Após prever leve aumento do Produto Interno Bruto (PIB) na semana passada, o mercado financeiro colocou, mais uma vez, o avanço do país em cheque. Na avaliação dos analistas, o crescimento em 2014 será de apenas 0,2%, com avanço de 0,8% em 2015.

     

    Fonte: Correio Braziliense

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