Reação da indústria no ano tira Brasil da lanterna, aponta Iedi

    O modesto crescimento da produção industrial brasileira foi suficiente para tirar o setor da “lanterna” internacional. Levantamento do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), obtido pelo Valor, mostra que o país ocupa a 37ª posição de uma lista de 48 países – embora fraco, o resultado supera o de 2016, quando foi o segundo pior do ranking.

    No primeiro semestre deste ano, a produção industrial brasileira cresceu 0,5% frente ao mesmo período de 2016 – o melhor resultado desde 2003. No levantamento, o Iedi considera essa comparação pela série com ajuste sazonal, de modo a torná-lo comparável ao divulgado no exterior. Com isso, a indústria cresceu 1,1% no semestre.

    Segundo o economista do Iedi Rafael Cagnin, o crescimento da indústria permitiu ao país deixar a lanterna global do setor, mas insuficiente para “engatar uma recuperação”. Ele afirma que o resultado é influenciado por uma baixa base de comparação de 2016. Pela série dessazonalizada, as fábricas produziram 6,8% a menos naquele ano.

    “O aumento só justifica uma comemoração se você olhar pelo ângulo do ‘pior já passou’. Mas, mesmo assim, diante da instabilidade política e econômica do país, vale ter cautela. A recuperação industrial ainda não está consolidada”, avaliou o economista, autor do levantamento comparativo dos países.

    No topo do ranking de crescimento da indústria estão dois países bálticos: Estônia (10,8%) e Letônia (9,1%). Os dois países vêm crescendo a taxas aceleradas nos últimos meses graças à valorização de preços de commodities no mercado internacional, especialmente das relacionadas à indústria extrativa.

    A China é a sexta do ranking, com alta de 6,9% no ritmo de produção. Os Estados Unidos aparecem próximos do Brasil. Tiveram incremento de 1,2% no primeiro semestre deste ano, frente ao mesmo período de 2016. Parte do resultado foi impulsionada pela atividade de perfuração de poços de petróleo e gás, além da mineração de carvão.

    Na lanterna da indústria, Montenegro registra queda de 8,8% nos seis primeiros meses deste ano, frente ao mesmo período do ano passado. Em junho, o país sofreu forte queda de produção nas atividades de eletricidade e gás. Em Luxemburgo, que tem o segundo pior desempenho no ano, a produção registrou queda de 4,2% no ano.

    No caso brasileiro, o crescimento no semestre foi puxado por alguns ramos da indústria de transformação. O grande destaque foi a produção de veículos automotores, reboques e carrocerias (11,7%), neste caso, sem ajuste sazonal. O setor avançou pelo aumento das exportações, além da liberação de recursos do FGTS e melhora na renda.

    Para Cagnin, a recuperação das perdas da indústria brasileira nos últimos anos depende ainda de uma série de fatores “dinamizadores”. Ele cita como exemplos a retomada do investimento público, a redução dos Jurospara empresas e famílias, taxa de Câmbio mais competitivo, melhora do mercado de trabalho.

    “A tendência é que no fim do ano a indústria brasileira tenha uma pequena taxa negativa, o que vai mantê-la na parte de baixo desse ranking”, disse.

    Fonte: VALOR ECONÔMICO

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