Reajuste de planos de saúde e escolas supera inflação

    NO CASO DA ASSISTÊNCIA MÉDICA, ANS AUTORIZOU AUMENTO DE 13,55%; NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO, ÍNDICE DEVE FICAR ENTRE 4% E 8% EM 2018

    No sentido oposto do movimento de desaceleração da inflação, entidades que representam planos de saúde e escolas pleiteiam índices de correções de mensalidades muito acima da inflação.

    A Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge) queria um aumento de 19,4% para as mensalidades, mais que o triplo da inflação oficial acumulada em 2016 pelo IPCA, de 6,2%. A Agência Nacional de Saúde (ANS) autorizou 13,55%, um porcentual bem menor do que o solicitado, mas muito acima da inflação. Os planos de saúde têm seus preços monitorados pelo governo e precisam que o reajuste seja autorizado.

    Já no caso das escolas, os preços são livres. Porém, elas só podem reajustá-los uma vez por ano. Para 2018, o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo (Sieeesp) prevê que os reajustes variem entre 4% e 8%. É um índice que supera a inflação como um todo deste ano, em torno de 3% esperada para o IPCA.

    Pedro Ramos, diretor da Abramge, diz que o descolamento entre os índices de reajustes das mensalidades pleiteados e concedidos ao setor em relação aos índices de inflação ocorre por conta de vários fatores. O primeiro é que a inflação médica é muito mais elevada do que a inflação geral, porque envolve medicamentos, mão de obra especializada, por exemplo.

    Fraudes. Além disso, ele aponta o grande desperdício, com a solicitação de exames desnecessários. Ramos acrescenta a grande incidência de fraudes, que impõe custos maiores.

    Ele admite que um reajuste de preço nesse nível é uma dinâmica perversa que atinge o consumidor, mas ressalta que, se o setor não tiver preço adequado, as empresas vão fechar. “Temos capacidade instalada um pouco ociosae os sinais de recuperação da economia são muito fracos. Nossa margem está abaixo de 0,5%.” Por causa da crise, entre janeiro de 2015 e junho deste ano, o setor perdeu três milhões de beneficiários de planos de saúde.

    Já as escolas do Estado de São Paulo não sentiram retração. Em 2016, houve crescimento de 1,4% no número de alunos. “Não perdemos alunos para a rede pública porque o nosso concorrente é muito ruim”, diz o presidente do Sieeesp, Benjamin Ribeiro. Ele explica que houve migração de escolas mais caras para as mais baratas e que negociações entre pais e alunos para obter descontos se intensificaram. “Mas as famílias estão privilegiando manter os filhos na escola particular.” Quanto ao porcentual de reajuste, Ribeiro diz que escola não é produto de prateleira e os custos variam de escola para escola. Como os aumentos só podem ser feitos uma vez ao ano, ele ressalta que é preciso cautela para não errar. “O mercado é muito competitivo e qualquer reajuste errado pode afetar a escola, que só tem como fonte de receita a mensalidade.”

    Banco Central caminha para o descumprimento da meta de inflação de 2017. Mas, pela primeira vez na história, porque a inflação está muito baixa e não muito alta. Esta é a percepção das Instituições Financeirasque mais acertam projeções econô-micasno Brasil- ogrupo conhecido como “Top 5” do Relatório de Mercado Focus.

    O relatório, que compila as estimativas das instituições, mostrou ontem que a projeção para o IPCA (o índice oficial de preços) deste ano caiu de 3,15% para 2,84% no Top 5. O centro da meta perseguida pelo BC é de 4,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual para cima e para baixo. Ou seja, para cumprir a meta do ano tem de se situar entre 3% e 6%.

    A conseqüência mais direta do descumprimento é que o presidente do BC, Ilan Goldfajn, será obrigado a escrever uma carta aberta ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, justificando o erro. A última vez em que isso ocorreu foi em janeiro de 2016, quando o então presidente da instituição Alexandre Tombini precisou justificar ao ministro da Fazenda da época Nelson Barbosa o fato de o IPCA ter encerrado 2015 em 10,67%, acima, portanto, do teto de 6,5% da meta de inflação naquele período.

    No Focus divulgado ontem, a projeção para o IPCA em 2017, considerando todas as Instituições Financeirase não apenas o Top 5, passou de 3,14% para 3,08%. No caso de 2018, foi de 4,15% para 4,12%.

    Nesse cenário, as instituições projetam que a Selic (a Taxa Básica de Juros), hoje em 8,25% ao ano, encerrará 2017 em 7,00% e permanecerá todo o ano de 2018 nesse patamar. Já o crescimento do PIB para 2017 seguiu em 0,60% no Focus. / COLABOROU MARIA REGINA SILVA

    Fonte: O Estado de S. Paulo

    Matéria anteriorCrise pode congelar salário de servidor
    Matéria seguinteInflação abaixo da meta em 2017 é cada vez mais provável