Recessão assusta BC

    Banco CENTRAL (BC) deve anunciar hoje a manutenção dos juros básicos da economia em 11% ao ano, patamar que dá ao Brasil o posto de campeão mundial de taxas reais. Com a decisão, o BC sinaliza estar mais preocupado em não jogar o país numa recessão do que em trazer a inflação para baixo. Até junho, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) cravou alta de 6,52% no período de um ano, superando, assim, o teto da meta do governo, de 6,5%.

    O que dificulta a retomada da alta de juros, dizem os analistas, é o baixo crescimento econômico. No primeiro trimestre, a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) foi de apenas 0,2%, um a das menores do mundo. Mesmo países que têm sofrido mais com a crise, registraram taxas mais elevadas no período. São os casos de Japão e Coreia do Sul, que avançaram 1,5% e 0,9%, respectivamente.

    O problema é que, se já não estava bom, o crescimento tende a desabar nos próximos meses. Bancos e corretoras revisaram recentemente as apostas de alta do PIB em 2014. “Se um crescimento de apenas 1% era tido como pessimista, agora passou a ser o teto das previsões do mercado”, disse a economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif.

    Maior instituição financeira do país, o Itaú Unibanco cortou a projeção de 1% para apenas 0,7%. O economista-chefe da instituição, Ilan Goldfajn, justificou a revisão “em face da deterioração da confiança de consumidores e empresários”. “Esperamos crescimento negativo do PIB no segundo trimestre, seguido de uma recuperação durante o segundo semestre mais lenta do que nossa projeção anterior”, assinalou.

     

    Eleições

    O consenso do mercado é de que a alta de juros, embora necessária para segurar a escalada da inflação, derrubou o crescimento. Nos últimos três anos, o PIB teve elevação média anual de apenas 2%. E a inflação, que deveria ter caído, continua subindo. Na visão do economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, o custo de vida seguirá acima do teto por mais cinco meses, alcançando o ápice em setembro, ao bater em 6,82%. Por isso, ele defendia a continuidade da alta de juros. “Mas esse é um esforço que nenhum governo toparia em um ano de eleições”, disse.

     

    Fonte: Correio Braziliense

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