Recuperação gradual da atividade reforça cenário de Selic em queda

    A confirmação de que a atividade está se recuperando de maneira apenas gradual levou o mercado de Jurosa aumentar ligeiramente as apostas de novo corte da Selic. Os contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) projetam mais de 60% de probabilidade de uma queda de 0,25 ponto percentual da Selic em março. Até a sessão anterior, a chance girava em torno de 55%.

    O que abriu espaço para o movimento no mercado foi certa frustração com o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre do ano passado. Entre outubro e dezembro, a economia cresceu apenas 0,1%, com desaceleração da demanda doméstica. E os números vem na sequência de dados mais fracos de emprego.

    Sob uma perspectiva de “amplo” hiato do produto e de “baixa” inflação corrente, o UBS revisou para baixo sua expectativa para a Selic neste mês, citando a “ainda moderada recuperação” econômica. O banco passou a ver corte de 0,25 ponto percentual, para 6,5% ao ano. Antes, o UBS previa estabilidade do juro básico em 6,75%.

    Talvez tão importante quanto o ponto final do ciclo é a duração do juro baixo. Para a economista-chefe da ARX Investimentos, Solange Srour, a “folga” do mercado de trabalho e no setor de bens capital dá conforto para o BC manter as taxas baixas por algum tempo. Em algum momento a taxa de Juros no Brasil tem de sair de terreno expansionista para um nível neutro. “Mas dificilmente sobe neste ano.”

    Sinal de que essa leitura perpassa o mercado, os Juros futuros de prazos intermediários voltaram a cair, a despeito do ambiente externo mais adverso ontem. No fim da sessão regular, a taxa projetada pelo DI de janeiro de 2019 caiu 1,5 ponto-base, para 6,560%. Com queda de mesma magnitude, o DI de janeiro de 2020 saiu de 7,550% para 7,540%.

    Antes de aprofundar as apostas, entretanto, os participantes do mercado ainda buscam sinais mais concretos da inflação. Em reunião com economistas em São Paulo, o diretor do BC que conduzia o evento, Carlos Viana, foi questionado se a autoridade monetária estaria olhando mais a inflação esperada para o ano de 2018 ou de 2019 em suas decisões de Juros.

    Segundo fontes, Viana teria respondido que até a última reunião do Copom, conforme mostrado em ata, as atenções estariam mais centradas em 2018. O ano observado mais de perto acaba sendo importante para ajustes de expectativas para Selic, uma vez que a inflação esperada para 2018 é bem mais baixa que o centro da meta, o que abriria espaço para queda adicional da Taxa Básica de Juros.

    Para outro participante do encontro com o diretor do BC, a autoridade tentou conter a empolgação de investidores com a ideia de que os recentes dados de inflação e atividade são um gatilho automático para a extensão ciclo de queda dos Juros. Segundo esse profissional, os economistas presentes no encontro concordaram, com “ênfases diferentes”, que o hiato do produto negativo, choques favoráveis nos alimentos e baixa inércia inflacionária ajudam a reduzir o risco de inflação neste ano.

    O encontro com economista serve de base para formação do cenário usado no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), que será divulgado em 29 de março. Em São Paulo, são dois eventos, um durante o período matutino e outro à tarde. Nesta sexta-feira, ocorrerá no Rio de Janeiro. (Colaborou José de Castro)

    Fonte: VALOR ECONÔMICO

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