No esboço da nova Esplanada, Temer quer cortar sete das 32 pastas existentes atualmente. Assim que assumir, vice pedirá um pente-fino no Bolsa Família
A duas semanas da possibilidade de se sentar na cadeira de Presidência da República, o vice Michel Temer já traçou as principais estratégias para conseguir – no menor intervalo possível de tempo – mostrar governabilidade. Nos primeiros 60 dias de governo, Temer vai se aproveitar do que considera “lua de mel” com o Congresso para lançar medidas de impacto, como a limitação dos gastos federais. O foco principal será o econômico.
No topo da lista de prioridades, está ainda a redução de ministérios. Temer quer cortar de 32 para 25 pastas. Chegou-se, inclusive, a estudar a redução para 20, porém os auxiliares dele analisaram que seria inviável o corte tão drástico. Numa outra frente, visando também a redução de gastos, o vice vai determinar um pente-fino em contratos, como aluguéis de imóveis, e programas, como o Minha Casa Minha Vida e o Bolsa Família.
Sem ministério, mas com papel estratégico no governo, estará Moreira Franco, que vai liderar um programa de licitações e privatizações previsto para estimular a economia. Para marcar o início do novo governo, Temer fará um pronunciamento oficial logo que assumir, já que não terá cerimônia de transição.
Até agora, a planilha de ministeriáveis já conta com a Fazenda para Henrique Meirelles; no Planejamento, Romero Jucá; na Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima; na Casa Civil, Eliseu Padilha; na Educação, José Serra. O PP deve ganhar a saúde, o PR, Transportes e Portos e o PSD, Cidades. Jucá será o responsável por negociar diretamente com Congresso.
Primeira baixa
Antes mesmo de assumir um possível cargo no governo Temer, o advogado Antonio Carlos Mariz causou polêmica por ter criticado a Operação Lava-Jato e acabou descartado da possibilidade de ser nomeado ao Ministério da Justiça. A entrevista do advogado ao jornal Folha de S.Paulo, dizendo que o combate à corrupção não deveria ser a prioridade foi a pá de cal de uma sondagem que já estava causando arrependimento no vice-presidente. Na semana passada, Temer havia conversado com Mariz, seu amigo pessoal, e sondado o advogado para assumir a Justiça.
Como adiantou o Correio na edição de ontem, Temer e seus interlocutores já tinham recuado da ideia após a divulgação de que Mariz era um dos signatários de uma carta, escrita por uma série de advogados criminais, criticando a Operação Lava-Jato e acusado pessoalmente o juiz Sérgio Moro, afirmando que as investigações lembravam ações da inquisição.
Temer, que vem sendo acusado por setores do PT de ter o interesse em abafar as investigações, consultou o Ministério Público para saber o grau de beligerância dos procuradores diante da possível nomeação de Mariz. Já havia recebido sinais de insatisfação do MP. “A entrevista dele criticando a PF, que tem atuação destacada como polícia judiciária, foi um desastre completo. Temer jamais agirá para parecer, ainda que remotamente, ter interesse em bloquear as investigações de casos de corrupção”, disse um aliado do vice-presidente.
Marcelo Castro deixa a Saúde
A assessoria do Ministério da Saúde informou que Marcelo Castro pediu demissão do cargo ao ministro-chefe do gabinete da Presidência, Jaques Wagner. Apesar da confirmação pela pasta, a Secretaria de Imprensa da Presidência (SIP) não havia confirmado a saída do ministro até o fechamento desta edição. Castro é o sexto ministro peemedebista a deixar o governo Dilma. Só restou a amiga de Dilma, Kátia Abreu, titular da Agricultura. Castro voltará a assumir o cargo de deputado federal na Câmara.
Fonte: Correio Braziliense