Renan quer votar projeto que dá mandato a comando do BC

    Medida propõe termo de 6 anos a dirigentes do Banco Central

    GABRIELA GUERREIRO DE BRASÍLIA

    Em um recado ao governo, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse ontem que vai colocar em votação o projeto que concede autonomia operacional ao Banco Central –com a fixação de mandato de seis anos para os seus dirigentes e a possibilidade de uma única recondução– mesmo com resistências do Planalto e do Ministério da Fazenda à mudança.

    Renan disse que “chegou a hora” de o Congresso exercer seu “protagonismo” e aprovar a proposta. “Quase todas as matérias têm resistência. Ora é do governo, ora é da mídia, ora é do mercado. É sempre assim. Cabe ao parlamento aprimorar tudo o que aqui está tramitando para que nós tenhamos no futuro um Brasil melhor”, afirmou.

    Na sexta, Renan havia anunciado que vai votar até o final do ano a medida. O governo é abertamente contra a mudança e defende a manutenção do atual modelo de gestão do banco.

    Ao chegar ao Senado nesta terça-feira, Renan disse reconhecer que o Banco Central brasileiro já tem uma certa autonomia, mas que o projeto deve ser aprovado uma vez que a instituição é responsável por definir as metas de inflação do país.

    “Todo país cujo Banco Central faz o controle de meta de inflação, ele tem mandato e autonomia. Por que nós não podemos tentar fazer isso no Brasil? Chegou a hora.”

    O senador disse que ainda não conversou com a presidente Dilma Rousseff sobre a votação do projeto, nem comunicou os demais líderes partidários sobre sua análise.

    Ele afirmou que resolveu exercer o “protagonismo” de presidente do Senado para definir uma pauta “importante para a sociedade”.

    “No parlamento, toda vez que você defende uma posição, você não tem tempo de comunicar as pessoas. Isso não significa dizer que aquelas ideias não vão para frente. Eu vou colocar o protagonismo do presidente do Senado para que nós possamos amadurecer essa matéria e votá-la”, afirmou Renan.

     

    Fonte: Folha de S. Paulo

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