Risco cibernético é prioridade do BC em área de regulação

    Carolina Mandl | De São Paulo

    O risco de ataques cibernéticos está no topo das prioridades do Banco Central voltadas para a regulação bancária. Entre os diversos tipos de ameaças ao sistema financeiro, o Banco Central deve se concentrar mais na análise do risco cibernético daqui para a frente, segundo Otávio Damaso, diretor de regulação do BC.

    De acordo com Damaso, que participou ontem do 7º Congresso Internacional de Gestão de Riscos, enquanto os demais riscos bancários já estão mapeados, o cibernético é “novo, desafiador e barato para quem está praticando [o crime]”. Para o diretor do BC, as consequências desse risco podem ser devastadoras. Pelas estimativas da empresa de software de segurança Symantec, as perdas causadas pelo cibercrime custaram aos bancos R$ 2 bilhões no ano passado.

    Preocupado com os transtornos que os ataques cibernéticos podem causar para o sistema financeiro, o BC decidiu criar normas específicas para a segurança das instituições contra esses perigo. “Com o aumento dos ataques cibernéticos, o Banco Central identificou a necessidade de aumentar a resiliência do sistema financeiro a esses ataques”, disse o BC por meio de uma nota.

    Em breve, os bancos vão precisar apresentar ao BC suas políticas de segurança cibernética, inclusive quais tecnologias adotam para proteger informações sensíveis. As regras sugeridas pelo BC ficarão em audiência pública até o dia 21 deste mês, abertas a comentários. A decisão do BC de avaliar com mais atenção esse tipo de ameaça à qual os bancos estão sujeitos se deve ao crescimento do uso de canais eletrônicos no sistema e às inovações tecnológicas que têm surgido.

    Depois que essa nova resolução entrar em vigor, além de seguir um conjunto de regras de proteção mais gerais determinadas pelo BC, as instituições também precisarão mostrar à autoridade como vai tratar um eventual ataque cibernético.

    Outra exigência do BC é que os bancos compartilhem entre si informações sobre problemas que venham a sofrer por parte de hackers. Essa seria uma forma de tornar o sistema como um todo mais seguro, já que um banco poderia antecipadamente se proteger de um ataque feito a outra instituição.

    Em relação à implementação das regras de Basileia 3, Damaso disse que o BC vai colocar em audiência pública normas que estabelecem novos limites de exposição máxima por cliente. De acordo com o diretor, as novas regras serão mais rigorosas que as atuais, estabelecendo um limite máximo de exposição de 25% do capital de nível 1 por cliente.

    Fonte: Valor Econômico

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