“Se BC errar, será por manter juro baixo por mais tempo”

    O Federal Reserve provavelmente vai preferir manter as taxas de juros baixas por mais tempo para garantir que a inflação volte à meta do que se antecipar e elevar os juros rapidamente, prejudicando a recuperação econômica, afirmou o ex-vice-presidente do Banco CENTRAL americano Donald Kohn.

    “Se o Fed tiver que cometer um erro, este será o de manter as taxas de juros baixas por mais tempo”, disse ele em evento em São Paulo. Kohn explicou que um aumento antecipado dos juros poderia interromper a recuperação econômica dos EUA, além de pressionar a inflação para baixo. O cenário resultante desta ação, diz ele, é um problema muito mais difícil de se resolver. “O comitê está muito preocupado com a inflação.”

    Kohn, que participou de conferência em São Paulo ontem, promovida pelo Itaú BBA, destacou que a economia dos EUA está em “boa forma” e que a queda acentuada da taxa de desemprego nos últimos meses deve ajudar a fortalecer o crescimento adiante. “Os fundamentos para um bom crescimento estão estabelecidos”, disse.

    Outro fator positivo para a atividade deste ano é que não haverá impacto negativo de ajustes fiscais, como ocorreu nos últimos anos. “A política fiscal nos EUA se tornou neutra para o crescimento em 2014 e 2015”, disse. Por conta desse cenário, o Fed deve concretizar seus planos de reduzir as compras de ativos mensais gradualmente até a extinção do programa. Uma mudança no passo do chamado “tapering” só aconteceria no caso de um desvio muito grande da inflação, segundo ele.

    Sob o comando de Janet Yellen, o Fed deve manter a linha de comunicação clara vista durante o mandato de Ben Bernanke, na opinião de Kohn. “Houve clareza na comunicação com Bernanke e isso vai continuar com a Yellen.” Segundo ele, é essencial para os mercados que o Fed se comunique da melhor forma possível, sinalizando seus próximos passos. Ele ressalva, entretanto, que qualquer clareza tem um limite, pois um Banco CENTRAL não pode se comprometer com um único caminho. “É preciso ter flexibilidade para responder a choques”, afirma.

    A projeção do ex-vice-presidente do Fed é que a primeira alta de juros ocorrerá em meados de 2015. “Eles esperarão o máximo que puderem”, afirmou. “Quando a taxa está próxima de zero, há apenas uma direção a ser seguida, então a comunicação tem que sinalizar o que acontecerá depois de a taxa ser elevada.”

     

    Fonte: Valor Econômico

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