Selic terá queda histórica

    MERCADO APOSTA EM BAIXA DE 0,5 PONTO PERCENTUAL NA REUNIÃO DE HOJE E AMANHÃ DO COPOM, REDUZINDO A TAXA BÁSICA A 7% AO ANO. DÚVIDA É SE CORTES SERÃO MANTIDOS NO PRÓXIMO ANO OU SE CICLO TERMINA AGORA

    Autor: ANTONIO TEMÓTEO HAMILTON FERRARI

    “Acreditamos que, no comunicado, o comitê sinalize uma possibilidade de flexibilização monetária adicional no início de 2018, caso o cenário básico evolua conforme esperado e o balanço de riscos não se altere’

    Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco

    Banco Central (BC) reduzirá a Taxa Básica de Juros (Selic) em 0,5 ponto percentual na reunião de amanhã do Comitê de Política Monetária (Copom), avaliam diversos analistas. Com isso, os Juros brasileiros chegarão ao menor nível da história e terminarão 2017 em 7% ao ano. Patamar mais baixo do que o registrado em 2012, quando a taxa chegou a 7,25%, durante a gestão Dilma Rousseff. A dúvida do mercado, entretanto, é se o ciclo de cortes será encerrado nesse encontro ou se novas quedas ocorrerão ao longo de 2018.

    Sem pressões inflacionárias no radar, com o nível de desemprego ainda alto e com a lenta recuperação da economia, alguns economistas acreditam que a equipe de Ilan Golfajn teria espaço para levar os Juros para abaixo de 7% ao ano, mas avaliam que a decisão será técnica, diante dos riscos de piora no ambiente doméstico durante as eleições e se a Reforma da Previdência não for aprovada.

    Na avaliação do economista-chefe do Itaú Unibanco, Mario Mesquita, os dados recentes continuam a mostrar um ambiente de inflação baixa e expectativas ancoradas. Com isso, a projeção de inflação do Copom deve recuar, em relação à apresentada na última reunião do colegiado. ‘Projetamos um corte de 0,5 ponto percentual nesta reunião e acreditamos que, no comunicado, o comitê sinalize uma possibilidade de flexibilização monetária adicional no início de 2018, caso o cenário básico evolua conforme esperado e o balanço de riscos não se altere’, afirmou.

    Mesquita explicou que o BC não deve se comprometer com nenhum curso de ação pré-definido, mas mantém a expectativa de que o Copom encerre o ciclo de corte de Juros em fevereiro com uma redução de 0,5 ponto percentual, levando a taxa Selic para 6,5% ao ano.

    O economista Carlos Eduardo de Freitas, ex-diretor do BC, destacou que a taxa neutra, a considerada ideal pelo mercado, está em torno de 4%, e com a Selic a 7%, o juro real – descontada a inflação -ficará em 3%. ‘Uma taxa de Juros real abaixo da neutra pode estimular os investimentos’, comentou.

    Reformas

    Para Freitas, como a recuperação da economia será gradual, o risco de o BC voltar a subir os Juros no ano que vem é mínimo. ‘A não ser que a retomada seja mais intensa do que o mercado está prevendo, criando pressões inflacionárias. Mas com o IPCA em 4% no ano que vem, o custo de vida estará abaixo da meta, de 4,5% e, portanto, há folga para que a Selic permaneça abaixo de 7% ao ano’, apostou. Apesar disso, ele lembrou que o risco fiscal persiste, e, sem o avanço das reformas, principalmente a da Previdência, as contas públicas continuarão frágeis.

    Na opinião do economista Silvio Campos, da Tendências Consultoria, a expectativa é de que o ritmo de queda da Selic se estenda ao primeiro semestre de 2018, chegando a 6,75%. De acordo com ele, os níveis fortes de desemprego e endividamento das famílias permitem uma redução ainda maior. ‘A tendência, entretanto, é que, em 2019, os Juros voltem a subir, alcançando 8% ao ano’, avaliou.

    O estrategista-chefe da BullMark, Renan Silva, explica que há espaço para o corte, mas que a provável não aprovação da Reforma da Previdência vai frear quedas maiores. ‘Se ocorrer mais atrasos na aprovação da PEC, é natural que o governo tenha uma deterioração no crédito soberano e precisará de uma pequena correção para ajustar o risco. Então, é necessário este pé atrás’, disse.

    (Colaborou Rosana Hessel)

    Fonte: Correio Braziliense

    Matéria anteriorSenado vota projeto sobre transporte de valor
    Matéria seguinteLongevidade e reforma estimulam busca por previdência privada