Sem acordo, EUA entram na 3ª semana ‘paralisados’

    Tesouro estima que alcançará teto do atual limite de endividamento na quinta-feira

    Cláudia Trevisan
    CORRESPONDENTE/WASHINGTON

     

    A quatro dias da data em que os Estados Unidos correm o risco de entrar em default, democratas e republicanos ainda não chegaram a um acordo que permita a elevação do teto de endividamento do país e a reabertura do governo, que entra em sua terceira semana de paralisação.

    As conversas entre a Casa Branca e os líderes da oposição na Câmara dos Representantes foram interrompidas na sexta-feira, depois que o presidente Barack Obama rejeitou a proposta de elevação do limite da dívida por apenas seis semanas.

    A expectativa de um acordo passou a se concentrar no Senado, onde o líder democrata, Harry Reid, e o republicano, MitchMcConnell, estão conduzindo as conversas. “Eu estou confiante de que os republicanos vão permitir a reabertura do governo e a extensão da capacidade desse país de pagar suas contas”, declarou ontem Reid, que é presidente do Senado.

    Governo e oposição se enfrentam em duas questões: a aprovação do Orçamento, para autorizar a realização de despesas pela máquina pública, e a elevação do teto de endividamento. A oposição tenta usar a aprovação de ambas as legislações para arrancar concessões da Casa Branca.

    O objetivo inicial era retirar todo o financiamento da reforma do sistema de saúde aprovada em 2010. Principal bandeira da gestão Obama, o programa entrou em uma fase crucial no dia1° de outubro, quando começaram a funcionar as bolsas online para venda de planos de saúde. O governo espera que cerca de 30 milhões de pessoas sem nenhum seguro passem ater cobertura.

    Mas o ataque ao Obama perdeu proeminência nas reivindicações dos republicanos, que passaram a se concentrar na exigência de um projeto de longo prazo para redução do déficit e da dívida pública.

    O Tesouro estima que alcançará o teto do atual limite de endividamento US$16,7trilhões – na quinta-feira, quando deverá ter US$ 30 bilhões em caixa. Sem um acordo no Congresso, o governo perderá ao longo dos dias subsequentes a capacidade de honrar seus compromissos.

    Mercado. O impasse prolongado deverá ter impacto no humor dos investidores e no comportamento das Bolsas de Valores hoje nos Estados Unidos e no mundo. No fim da semana passada, o índice Dow Jones registrou a maior alta para um período de três dias desde dezembro de 2011, na expectativa de que democratas e republicanos alcançariam um acordo que afastasse a ameaça do default e permitisse a reabertura da administração federal.

    O tamanho e a extensão dos cortes de gastos é um dos principais itens a separar governo e oposição. Enquanto republicanos querem reduzir ainda mais o patamar de despesas, os democratas defendem o cancelamento de parte dos cortes automáticos e indiscriminados que entraram em vigor neste ano – o chamado sequestro.
    Na semana passada, o Fundo Monetário Internacional (FMI) avaliou que a redução de gastos foi excessivamente rápida e mal planejada e deve subtrair entre 1,50 a 1,75 ponto porcentual do crescimento americano em 2013.

    Obama tem repetido que o aperto fiscal é um dos maiores já realizados no país e levou à sese elevar o teto da dívida até o fim de janeiro não teve apoio suficiente nem para chegar ao plenário.

    A insatisfação da opinião pública em relação ao impasse pode forçar os partidos a buscarem uma solução. Pesquisas mostram que a aprovação do Congresso está no mais baixo patamar da história, em 10%.

    Mas os números mostram que a oposição vai pagar o maior preço pela crise. Levantamento do jornal Wall Street Journal e a rede de TV NBC indicou que 53% dos entrevistados responsabilizam os republicanos pela paralisação do governo americano, 22 pontos porcentuais acima dos que colocam a culpa em Obama.

     

    Fonte: O Estado de S.Paulo

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