É a primeira categoria do funcionalismo federal a entrar em greve por reajuste salarial
28 de março de 2022 | 16h45
BRASÍLIA – Os servidores do Banco Central (BC) aprovaram em assembleia realizada nesta segunda-feira, 28, greve por tempo indeterminado a partir de 1 de abril. A categoria cobra do governo um reajuste salarial de 26,3% e a reestruturação das carreiras. Dos quase 1,6 mil servidores que participaram da deliberação, 82% votaram pela paralisação total das atividades. Um analista do Banco Central recebe, em média, R$ 26,2 mil mensalmente.
Como consequência da greve dos servidores do Banco Central (BC), o lançamento de novos serviços do Pix será suspenso, segundo apurou o Estadão/Broadcast. Além disso, o projeto de criação do real digital também será afetado. A informação foi confirmada à reportagem por três servidores do órgão.
Segundo um deles, uma carta dos servidores dos departamentos de Tecnologia da Informação e do PIX será enviada para a diretoria colegiada com as informações. Os serviços de transferência e pagamento do Pix oferecidos atualmente continuarão funcionando normalmente, explicaram os técnicos do BC.
Até o momento, o BC não se pronunciou sobre a greve anunciada hoje.
Como mostrou o Estadão/Broadcast ontem, 27, o presidente do (BC), Roberto Campos Neto, desistiu de participar de um evento hoje, 28, em Campo Mourão (PR), para acompanhar de perto a mobilização dos servidores da autarquia. O presidente chegou a se reunir com representantes dos servidores na noite de sábado, 26. Os trabalhadores do BC cobraram dele um posicionamento do governo sobre a possibilidade de reajuste salarial. Entretanto, o presidente da autoridade não apresentou uma oferta de aumento nos contracheques.
O movimento no Banco Central foi deflagrado após o presidente Jair Bolsonaro anunciar, no fim do ano passado, que daria reajustes este ano somente para policiais rodoviários e federais.
Os servidores do BC fazem paralisações diárias de quatro horas, das 14h às 18h, desde 17 de março, quando o movimento se intensificou. As paralisações já atrasaram divulgações como a Pesquisa Focus, o resultado do Questionário Pré-Copom, o fluxo cambial, além da apuração diária da ptax.
Com as pressões crescentes, Campos Neto enviou um ofício ao Ministério da Economia solicitando que os servidores do BC recebessem reajuste salarial caso o governo decida aumentar os valores dos contracheques de outras categorias. No fim do ano passado, o presidente Jair Bolsonaro prometeu aumentos para policiais federais e rodoviários, mas até agora não oficializou o reajuste a essas categorias ligadas ao Ministério da Justiça.
A posição inicial do presidente do BC era de que reajustes não deveriam ser concedidos para nenhuma categoria. Questionado pelo Estadão/Broadcast na última quinta-feira, 24, Campos Neto deixou claro que a autoridade monetária tem “esquemas de contingência” para continuar funcionando caso o movimento evolua para uma greve geral dos funcionários.
Com a operação-padrão dos servidores do Banco Central, a instituição informou hoje que não divulgará nesta semana as estatísticas econômico-financeiras de fevereiro, como estava previsto. A assessoria da autoridade monetária disse que as datas de publicação serão divulgadas “oportunamente”.
Indicadores
Nesta segunda, estava prevista a divulgação das estatísticas do setor externo (indicadores das transações do Brasil com outros países). Na quarta, seria publicada a nota monetária e de crédito (informações sobre empréstimos e financiamentos, como taxas cobradas pelos bancos e inadimplência) e, na quinta, as estatísticas fiscais (panorama mensal sobre as contas públicas da União, Estados e municípios).
Pela segunda semana consecutiva, o movimento dos servidores do BC atrasou também a divulgação do Relatório de Mercado Focus, boletim com as previsões dos economistas sobre inflação, PIB e outros indicadores. Os dados, que normalmente são publicados por volta de 8h25, só estarão disponíveis às 10h de hoje.
Fonte: Estadão