Possibilidade de realização de concurso antes de reestruturação de carreira é ponto chave das reclamações
Por Gustavo Silva |
A operação de paralisações pontuais dos servidores do Banco Central (BC) será mantida e tende a piorar, por conta das faíscas que têm surgido na relação com a ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck. Servidores afirmam que ela não atendeu às reivindicações não salariais do sindicato do BC.
A categoria, que antes já se mostrava insatisfeita com a falta de diálogo com o governo quanto à reestruturação da carreira dos funcionários públicos do banco, agora está transtornada pela possibilidade de realização de um concurso público sem que suas pautas sejam debatidas oficialmente.
O Sindicato Nacional dos Funcionário do Banco Central (Sinal) argumenta que a realização do concurso, na atual situação, inviabiliza a pauta da classe.
— Dentro de um cenário de sucateamento da autarquia e de desmotivação funcional, o concurso público atrairia candidatos com formação educacional de segundo grau ou interessados em usar a instituição apenas como trampolim para outras carreiras com remuneração superior — afirma Fábio Faiad, presidente do Sinal.
Sem a reestruturação, o Sinal indica um agravamento do quadro do Banco Central.
— Já vem ocorrendo, na última década, um desgaste do servidor no órgão, com reajustes abaixo da inflação e com as crescentes assimetrias em relação a carreiras congêneres — complementa Faiad.
No último mês, quando foi iniciado o movimento de paralisações dos funcionários do BC, a categoria exigiu que representantes do da diretoria do órgão intercedam pela classe junto aos ministérios do governo Lula (PT). Os manifestantes também cobraram m isonomia no reajuste salarial após benefícios entregues a funcionários da Receita Federal.
Desde então, o Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal) acusa o Ministério da Gestão e Inovação de Serviços Públicos (MGI) de omissão perante as demandas da categoria. Para dar vazão às reclamações, chegou a marcar uma reunião com os representantes da diretoria do Banco Central (BC) e do MGI, para que os líderes do banco façam pressão no governo por melhorias aos funcionários. No entanto, segundo aponta o comando do Sinal, nenhum interesse foi demonstrado pela diretoria no sentido de “comprar a briga” dos servidores.
Feitas as reclamações ao Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, sindicalistas dizem não ter sido atendidos. A maior preocupação dos concursados é de que haverá sucateamento nos órgãos, se não houver equiparação salarial. O ministério, por sua vez, alega que a concessão de aumentos aos servidores acarretaria na violação do orçamento.
Depois de entrar em vigor o decreto assinado por Lula que concede benefícios a funcionários da Receita Federal, servidores do Banco Central, do Tesouro Nacional e da Controladoria-Geral da União declararam repúdio à falta de isonomia entre as carreiras de Estado. Eles cobram a equiparação de tratamento. De acordo com os servidores, o governo havia acordado para o segundo semestre deste ano uma grande negociação com as categorias, para atender, por igual, às demandas.
— A ministra Esther Dweck não nos recebeu e não se mostrou sensibilizada — finaliza Fábio Faiad.
Fonte: Jornal Extra