Ao se olhar o histórico de intervenções do Banco Central (BC) nos últimos 15 anos, em quatro ocasiões mais de três bancos quebraram após o primeiro em um intervalo de quatro anos, segundo levantamento da TAG Investimentos.
“Aparentemente, o FGC se assegura de riscos sistêmicos, de vários bancos apresentarem problemas num curto intervalo de tempo. Em períodos normais, a probabilidade de isso acontecer parece bem baixa”, diz Carolina Camões, especialista em crédito da TAG. Ela lembra, porém, que por se tratar de janelas móveis, um mesmo banco acaba sendo contabilizado mais de uma vez. Em termos concretos, sete bancos quebraram entre 2008 e 2015.
Na década de 90, com os programas de recuperação dos bancos privados e públicos, mais de uma dezena de instituições foram liquidadas. Outro momento foi no início desta década, com os casos de Rural, Cruzeiro do Sul ou BVA como os mais emblemáticos, cita André Loes, diretor-executivo do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). “Podem não ser tão dramáticos, mas esses são episódios que podem ter repetição. Sim, isso tem a ver com alavancagem muito rápida e na sequência vem um número de liquidações maiores”, diz.
A criação de um teto global de cobertura de R$ 1 milhão por CPF/CNPJ – em comparação aos R$ 250 mil por instituição e por investidor da regra antiga -, mantém a garantia robusta, reconhece Loes, mas ele diz que houve o cuidado de não se criar uma medida que acarretasse problema de liquidez para alguns bancos.
A mudança no FGC não teve impacto na captação do Banco Inter, segundo o Marco Túlio Guimarães, vice-presidente da instituição. Em forte expansão na base de clientes com um projeto de conta digital, o Inter hoje registra um volume de captações maior do que a capacidade do banco de aplicar os recursos, o que o levou a abrir a plataforma para produtos de terceiros, inclusive CDBs de outros bancos.
Com uma rede de quase 500 pontos de atendimento e foco no crédito para as chamadas “classes emergentes” (C e D), o gaúcho Agibank já conta com base de captação própria e também não sentiu os efeitos da mudança, diz Marciano Testa, presidente do banco.
“As plataformas de investimento agora terão de dar mais informações para o investidor sobre o risco que estão vendendo”, afirma o executivo do banco, que acabou de lançar seu aplicativo de conta digital pelo celular.
Procurada, a ABBC, que representa as instituições de menor porte, preferiu não se posicionar pelo fato de seus associados atuarem em diferentes nichos. (Colaborou Vinícius Pinheiro)
Fonte: VALOR ECONÔMICO