Só 7% dos analistas veem IPCA no centro da meta

    Menos de 10% dos analistas econômicos acredita que o Banco Central vá cumprir o centro da meta de inflação de 2018, definido em 4,5%. A maior parte deles acha que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) vai ficar bem abaixo do alvo oficial.

    Segundo o mapa com a distribuição das frequências das projeções dos analistas econômicos coletada pelo Banco Central (BC), cerca de 7% deles espera que a inflação de 2018 fique igual ou maior do que 4,3% e menor do que 4,7% Ou seja, poucos acham que o IPCA ficará ao redor da meta.

    Com suas projeções, o mercado desafia o compromisso assumido pelo BC de levar a inflação, que terminou em 2,95% em 2017, a 4,5% até o fim deste ano.

    Parte dos analistas do mercado vem afirmando que o Banco Central jogou a toalha em perseguir a meta de inflação de 4,5% em 2018 – e que a autoridade monetária vai buscar a convergência por baixo das metas de 2019 (4,25%) e de 2020 (4%).

    Cerca de 45% dos analistas econômicos acha que a inflação de 2018 vai ficar igual ou maior do que 3,5% e menor do que 3,9%, numa faixa bem menor do que a meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional(CMN). Um grupo de cerca de 45% dos analistas crê em inflação igual ou maior do que 3,9% e menor do que 4,3%.

    Banco Central, porém, tem reafirmado que busca o centro da meta de inflação em 2018 e nos anos seguintes.

    As estimativas do mercado são uma das variáveis que alimentam os modelos de projeção do BC. A evolução das expectativas também tem um peso importante na tomada das decisões sobre Juros no Comitê de Política Monetária (Copom) do BC.

    Mas o que realmente guia as ações do BC são as suas próprias projeções, que pelo mais recente número conhecido apontam uma variação de 4,2% do IPCA em 2018, bem mais próxima do centro da meta de inflação.

    Embora a projeção oficial esteja abaixo do centro da meta, o Banco Central tem afirmado que ela é próxima do seu objetivo. Também tem lembrado que as projeções não representam a previsão do BC, mas uma ilustração do que vai acontecer com o IPCA se os Juros e Câmbio se comportarem como previsto pelo mercado financeiro.

    Além das projeções, o Banco Central também avalia os riscos no cenário inflacionário e faz o seu próprio julgamento para tomar decisões. O Copom se reúne hoje e amanhã para fixar os Juros. A expectativa é que corte a taxa básica dos atuais 7% ao ano para 6,75% ao ano.

    Não é a primeira vez que o mercado e o Banco Central divergem nas suas projeções para o índice de inflação. No começo de 2017, o mercado ainda projetava inflação acima da meta, em 4,5%. O Banco Central, naquele momento, previa inflação menor que a meta, em 4,4%.

    Naquela época, o Banco Central avaliou que seria possível cortar os Juros mais do que o mercado previa, sem comprometer o cumprimento da meta. No fim das contas, o IPCA ficou abaixo tanto das projeções do mercado quanto do BC, apesar dos Juros mais baixos.

    Fonte: VALOR ECONÔMICO

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