Sob protestos, Cedraz é reeleito presidente do TCU

    Após muita pressão interna e externa, o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Aroldo Cedraz, foi reconduzido ontem para mais um ano no cargo. Por unanimidade, o plenário reelegeu Cedraz, que teve a recondução posta em xeque após o nome de seu filho aparecer em denúncias da Operação Lava-Jato.

    Antes de receber o aval dos colegas, no entanto, o presidente do TCU teve que explicar com detalhes as acusações de que seu filho, Thiago Cedraz, teria recebido dinheiro da empreiteira UTC para obter informações e influenciar decisões do tribunal.

    Além de se defender, Cedraz acatou alguns pedidos dos ministros. O principal foi de que o plenário passará a ter poder de vetar nomeações e também de destituir secretários, algo que era prerrogativa exclusiva do presidente do tribunal. Esse debate se fez necessário após circularem informações de que Thiago Cedraz também teria feito várias indicações no TCU.

    A pressão pela troca na presidência do tribunal se intensificou nos últimos dias. Representantes dos auditores e do Ministério Público que atua no tribunal fizeram uma intensa campanha contra Cedraz nas redes sociais. Após a reeleição ser proclamada, manifestantes deram as costas para os ministros. Alguns insultaram Cedraz.

    Na manhã de ontem, a principal a entidade representativa dos auditores convocou os servidores para acompanharem pessoalmente a votação, que é secreta. O auditório do TCU ficou lotado durante a sessão, com muitos funcionários assistindo em pé a votação. O objetivo era, justamente, pressionar o colegiado a tirar Cedraz da presidência.

    As conversas e negociações entre os ministros do tribunal se alongaram muito além do previsto. A sessão de votação começou com quase três horas de atraso em relação ao horário previamente agendado.

    No início da sessão, Cedraz se disse satisfeito com seu primeiro ano de mandato. De acordo com ele, em 2015 o tribunal deu “as respostas que a sociedade esperava”. Em outubro, o TCU rejeitou por unanimidade as contas da presidente da República, o que não acontecia desde 1937. A reprovação poderá ser usada no processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

    Os problemas do presidente do TCU começaram em junho, quando o empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC, disse em delação premiada que pagou R$ 1 milhão para que o advogado Thiago Cedraz usasse sua influência para manter a empresa no consórcio construtor da usina nuclear de Angra 3.

    Pessoa também disse ter pago R$ 50 mil mensais para obter informações privilegiadas sobre processos e auditorias do TCU. Pai e filho negaram as acusações, mas as denúncias causaram muito desconforto nos demais ministros, que abriram uma sindicância interna para apurar eventuais desvios de conduta. O processo ainda está em andamento.

    Cedraz disse que as denúncias contra ele e seu filho foram discutidas com os colegas na reunião ocorrida antes da sessão. “Essas temas que preocupam a instituição foram exaustivamente discutidos, dissecados e colocados para o exame de todos”, afirmou o presidente.

     

    Fonte: Valor Econômico

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