Solução do governo é criar mais um grupo

    GRASIELLE CASTRO

    Pouco mais de três meses depois de criar uma força-tarefa composta por representantes de órgãos de segurança estaduais e federal para coibir abusos em manifestações, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, anunciou ontem a solução para evitar que tragédias como a que tirou a vida do cinegrafista Santiago Andrade se repita: instituir um novo grupo de trabalho. 

    Motivada pela onda de manifestações que começou em junho de 2013, a primeira equipe designada por Cardozo — que inclui órgãos do Rio de Janeiro e de São Paulo, além do próprio governo federal — elabora um protocolo único para assegurar a integridade dos cidadãos durante os protestos. Os trabalhos, no entanto, ainda não foram concluídos. Já o grupo anunciado ontem será responsável por discutir uma nova política de Estado de proteção ao jornalista. 

    A decisão de criar um comitê foi feita após reunião com associações de representantes da mídia, convocada por Cardozo devido à morte de Santiago. De acordo com o ministro, a ideia é fazer com que um novo protocolo de segurança de profissionais da imprensa esteja em curso já na Copa do Mundo. No entanto, nenhum detalhe foi divulgado. 

    Na reunião de ontem, integrantes da Associação Nacional de Jornais (ANJ), da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), e da Associação Nacional de Editores de Revista (Aner) apresentaram a Cardozo um relatório que aponta 126 casos de violência aos profissionais de jornalismo registrados desde meados de 2013. “É impressionante o número de atentados e ameaças que são feitos contra jornalistas desde junho do ano passado. Já existiam antes, mas a situação cresceu brutalmente”, constatou Cardoso. 

    Para o presidente da Abert, Daniel Slaviero, a morte de Santiago foi apenas a “ponta do iceberg” da onda de hostilidade que a imprensa tem sofrido. O presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Carlos Lindenberg, disse estar surpreso de “um caso como esse ter acontecido somente agora, porque as ameaças já existiam antes”.

     

    Fonte: Correio Braziliense

    Matéria anteriorYellen continuará cortes no Fed
    Matéria seguinteHSBC é condenado em R$ 67,5 mi por espionar funcionários em licença médica