Os investidores do mercado de Juros futuros aguardam o IPCA de fevereiro, que será divulgado nesta manhã, para calibrar suas apostas sobre até que ponto a Selic pode cair. O corte de 0,25 ponto percentual na taxa básica em março, a 6,5% ao ano, já se consolida como a aposta principal dos agentes financeiros e, agora, a dúvida é se haveria condições para ir um pouco mais além.
O cenário base ainda é de que apenas esse corte de 0,25 ponto ainda se concretizará neste ano, mas não se descartam as chances de duas quedas seguidas de mesma magnitude.
O economista sênior do banco Haitong, Flávio Serrano, é um dos especialistas que não projeta novas quedas da Selic neste ano. Embora reconheça que aumentaram as chances de a taxa cair em março, ele não vê mudança suficiente no comportamento da inflação que conduza a taxa básica para baixo e mantém a estimativa de Selic no nível atual, de 6,75%. Isso porque as surpresas ainda são motivadas pelo segmento de alimentação, não uma alteração mais estrutural. “Existe a possibilidade de o BC cortar Juros, e o IPCA vai confirmar o cenário favorável, mas ainda estamos caminhando rumo às metas de inflação”, afirma.
O que se espera também, antes de uma aposta mais firme, é mudança nas expectativas de inflação ou uma sinalização mais clara do BC. O sócio e gestor da Paineiras Investimentos, David Cohen, acredita que o BC deve cortar a taxa em março. Para a reunião seguinte, pode indicar uma pausa – em vez de um fim do ciclo de baixa -, mantendo a porta aberta para outros movimentos, a depender de como evoluirá o cenário eleitoral e como isso irá afetar o Câmbio e as expectativas de inflação.
Enquanto não há sinal mais claro para esse ponto final do ciclo, os investidores trabalham com a perspectiva de que a Selic pode ficar baixa ou não subir tanto no curto prazo. Sinal disso é que o contrato DI de janeiro de 2020 caiu a 7,320% no fim da sessão regular de ontem na B3, ante 7,360% no ajuste anterior. Já o DI de janeiro de 2019, contrato mais negociado do pregão, se manteve estável, a 6,450%.
Para o IPCA de fevereiro, economistas consultados pelo Valor Data estimam que a inflação deve ficar em 0,32%, pouco acima do resultado de janeiro, de 0,29%. Na medida acumulada em 12 meses, o IPCA esperado é de 2,84%. Caso confirmado, aumenta a pressão para que o BC aja na reunião daqui a duas semanas. No entanto, ainda seria necessário um pouco mais que uma surpresa do dado geral para mexer com as apostas para a reunião de maio.
Fonte: VALOR ECONÔMICO