Técnicos do Banco Central iniciam quinta greve do ano nesta terça-feira

    A paralisação afetará os serviços de atendimento ao público e a segurança das unidades do órgão espalhadas pelo país

    Deco Bancillon

    Técnicos do Banco Central devem cruzar os braços por 72 horas, a partir da zero hora desta terça-feira (14/10). Será a quinta greve da categoria no ano, conforme informou o secretário-geral do Sindicato Nacional dos Técnicos do Banco Central (SintBacen), Willikens Brasil. Com a paralisação, ficarão prejudicados os serviços de atendimento ao público e a segurança das unidades do órgão espalhadas pelo país.

    Em setembro, os servidores do BC já haviam interrompido os trabalhos por 48 horas. Naquela ocasião, a adesão à paralisação havia chegado a 80%. Em abril, quando os técnicos iniciaram o primeiro movimento grevista, a participação era maior, de 90%.

    Foram, ao todo, duas paralisações em abril, que duraram poucas horas. Em maio, a categoria cruzou os braços por 24 horas. Em setembro, a greve durou por dois dias.

    Os técnicos pedem a modernização da carreira de técnico, com ampliação de salários e dos critérios de acesso, como a exigência de concurso público de nível superior. “Nossa luta é para que o Banco Central tenha o mesmo tratamento que órgãos como a Receita Federal, a Polícia Federal e a Polícia Militar, onde só se contrata servidores com nível superior”, disse Willikens Brasil.

    Ele descarta conotação política da greve, apesar com a proximidade das eleições de segundo turno. “Nós entendemos que, mesmo por causa da eleição, nós não podíamos paralisar o movimento”, afirmou. Ele diz que a nova paralisação se deve ao descumprimento de promessas supostamente feitas pelo presidente do BC, Alexandre Tombini. “Se tivesse tido qualquer indicativo de avanço (nas discussões) não teria necessidade de greve”, afirmou o sindicalista. O BC não se manifestou até a publicação desta matéria.

    A categoria pede mudança nos critérios de contratação de técnicos e pleiteia também a ampliação nos vencimentos. Hoje, disse Brasil, o salário-base de um técnico do BC em fim de carreira seria de aproximadamente R$ 11,4 mil, o equivalente a 42% dos vencimentos de um analista do banco, com vencimento médio de R$ 20 mil, também em fim de carreira. O sindicato pretende elevar esse vencimento para R$ 12,4 mil, o que equivale elevar o salário-base para 62% do valor já recebido pelos analistas.

    Trata-se de um pleito antigo. “Em 2004 e, novamente, em 2008 o BC e o (Ministério do) Planejamento assinaram acordo para modernizar a carreira, onde já previa essa ampliação, mas os acordos foram descumpridos”, disse Brasil.

    Outra queixa da categoria diz respeito a um suposto desvio de função entre funcionários, com analistas executando o trabalho de técnicos. “A Lei 9650, no artigo 5º, transcreve as atribuições dos técnicos, e o que vemos hoje é que há muitos analistas realizando esses trabalhos, que são de áreas meio, o que gera, inclusive, desperdício de dinheiro para o BC.”

    Cálculos do SintBacen dão conta que o gasto extra devido ao desvio de função chegaria a R$ 17 milhões, levando em conta apenas o trabalho realizado na Procuradoria do banco e na área de atendimento ao público. “Foi feito um trabalho técnico e jurídico, onde se constatou o desperdício de dinheiro público. É preciso corrigir isso já”, decretou o sindicalista.

     

    Fonte: Correio Brasiliense

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