Temer elege os cinco gargalos

    Com o provável afastamento da presidente Dilma Rousseff no próximo dia 11, o vice-presidente Michel Temer escolheu cinco áreas nas quais gostaria de colocar especialistas com capacidade de gestão para resolver os gargalos. São elas: economia, previdência, segurança pública, saúde e agricultura.

    Entre o desejo de Temer e a realidade política nas relações com o Congresso, há, até o momento, um hiato que parece intransponível. O vice-presidente sentiu na pele o caos do presidencialismo de coalizão justamente em dois ministérios: Saúde e Agricultura. Coincidentemente, as duas pastas estão sendo negociadas com o PP.

    Ao longo da terça-feira, os peemedebistas davam como certa a nomeação do cirurgião do Hospital Sírio-Libanês para o Ministério da Saúde. Antes do amanhecer da quarta-feira, Raul Cutait não estava mais na lista de ministeriáveis. “Ele ligou diretamente para o Temer e queria compor a própria equipe, sem consultar o PP. De repente, o Khalil (Roberto Khalil Filho, diretor de cardiologia do Sírio) queria ser o mentor da indicação”, reclamou um integrante da bancada.

    A mesma situação se repetiu em relação à Agricultura. Temer gostaria de nomear um ex-ministro de Lula: Roberto Rodrigues. O setor agropecuário defende ainda os nomes de João Sampaio (presidente da Sociedade Rural Brasileira) e Francisco Turra (presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal, ABPA). “A bancada vai indicar um deputado, temos vários nomes ligados ao setor”, defendeu com veemência um pepista que integra a bancada ruralista.

    Rombo

    “A situação de Temer é diferente da de Itamar Franco, que se deu ao luxo de escolher como líder do governo um deputado que tinha uma bancada com três deputados”, recorda o escolhido para o cargo, deputado Roberto Freire (PPS-SP). “Hoje, a realidade é diferente. Temer precisa de votos no Congresso para aprovar as medidas que nos tirarão da crise. Mesmo que, para isso, o ministério não seja essa maravilha toda”, disse ele, indicado para a pasta da Cultura.

    Temer tem uma justificativa para a escolha técnica das cinco áreas. A equipe econômica, tendo Henrique Meirelles como capitão no Ministério da Fazenda, precisar estar completamente afinada para tirar o país da atual recessão. Na Previdência, o rombo se aproxima dos R$ 270 bilhões, algo que se tornará inviável a médio prazo.

    A Segurança Pública é uma área que vive em uma crise constante e gera uma linha cruzada de responsabilidades entre a União e os governos estaduais. A Saúde enfrenta duas epidemias de proporções gigantescas – zika e H1N1. E a Agricultura tem sido, nos últimos anos, a única capaz de sustentar um resultado menos desastroso no Produto Interno Bruto (PIB). (PTL)

    Fonte: Correio Braziliense

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