Por conta da desconfiança dos investidores, o governo vem tendo dificuldade para emitir títulos públicos e precisa oferecer títulos de prazo mais curtos e com juros mais elevados ao mercado. Neste mês, o Tesouro Nacional leiloou R$ 64 bilhões de LFT, papéis indexados à taxa Selic, títulos que vem sendo cada vez mais demandados pelas instituições financeiras, devido à incerteza sobre os rumos da economia.
“O problema é que, em função dessa crise toda, não se sabe para onde vão os juros. Por isso, a tendência é encurtar os prazos dos contratos para garantir liquidez”, explicou o economista-chefe da INVX Global Partners, Eduardo Velho. A demanda por títulos de três meses é maior do que a de um ano, por exemplo.
Para piorar, o prêmio que está sendo cobrado para os títulos pré-fixados é crescente. “O mercado já está precificando uma curva na Selic de mais de 14%, o que é muito alto dada a incerteza existente”, observou o economista Carlos Thadeu de Freitas Gomes, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC) e ex-diretor do Banco CENTRAL.
O Tesouro, porém, acredita que esse cenário irá mudar após a manutenção do grau de investimento do país, pela agência Standard & Poors (S&P). De acordo com o coordenador-geral de Planejamento Estratégico da Dívida Pública do Tesouro, Otávio Ladeira, já na manhã de ontem houve queda nas taxas de títulos da dívida externa de 10 e de 30 anos. Segundo ele, a manutenção da nota pela S&P “demonstra que estamos na linha correta em direção à sustentabilidade da dívida pública de médio prazo”.
Ontem, o Tesouro informou que a dívida pública federal aumentou 3,64% em fevereiro, em relação ao mês anterior, passando para R$ 2,329 trilhões. O principal motivo do crescimento foi a emissão líquida de R$ 51,12 bilhões e a incorporação de juros ao valor dos títulos, no montante de R$ 24,29 bilhões.
Colaborou Rosana Hessel
Fonte: Correio Braziliense