BRASÍLIA – O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, afirmou que a taxa de juros básica de 14,25% ao ano “é necessária agora, mas não é a taxa de longo prazo” e que essa é uma “taxa de passagem”. Segundo ele, a Selic sairá desse nível “quando a inflação começar a cair de fato e tivermos ancoragem das expectativas de inflação com relação à meta” de 4,5% anuais.
Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, ele repetiu a mensagem central da política monetária, apontando que a manutenção da Selic no atual patamar por período suficientemente prolongado é necessária para a convergência da inflação à meta no fim de 2016.
De acordo com o presidente da autoridade monetária, “não há voluntarismo que baixe a taxa de juros”, pois é o mercado que determina as taxas. Em resposta a questionamentos de senadores, Tombini apontou que as incertezas da política fiscal fizeram subir as estimativas do mercado quanto à Selic no médio prazo. Ele apresentou gráfico mostrando que, mesmo com a manutenção do juro, a taxa de mercado sobe “com essa incerteza que estamos lidando, hoje, com relação à política fiscal”.
Tombini defendeu que é importante manter o ajuste da política fiscal mesmo que o processo ocorra em velocidade inferior àquela prevista inicialmente. Ele lembrou que o país usou o espaço fiscal para mitigar o efeito da crise internacional e agora precisa recompor esse colchão para enfrentar um ambiente econômico global especialmente desafiador. “Vejo como fundamental esse conjunto de medidas, como condição necessária para fortalecer os fundamentos econômicos”, disse Tombini em referências às medidas de corte de gasto público, aumento de impostos e mudança em tarifas apresentadas ontem pelo governo.
O presidente apontou que a taxa de juros reflete circunstâncias e que, no momento, o país enfrenta dois choques de preços que geram pressões inflacionárias e que “isso demandou reação de política para fazer com que as expectativas de médio e longo prazos se reancorassem”.
Tombini acrescentou que “estamos num ajuste que não é cor de rosa”, com contração do Produto Interno Bruto (PIB) e inflação de 9% no ano, mas o mercado vê uma redução do IPCA no primeiro trimestre de 2016. “Mas, evidentemente, lá na frente queremos uma queda de inflação muito mais forte”, disse.
Fonte: Valor Econômico