Com a credibilidade no chão perante os investidores e um ministro da Fazenda demitido há quase dois meses, Dilma Rousseff decidiu se socorrer no presidente do Banco CENTRAL, ALEXANDRE TOMBINI, para desembarcar na reunião do G20, na Austrália. A presidente reeleita sabe que não tem nada a mostrar em termos de conquistas econômicas, já que os indicadores de seu primeiro mandato são desastrosos. A inflação vem estourando o teto da meta, de 6,5%, há três meses, o país está em recessão, os juros apontam para cima, as contas públicas estão em frangalhos e o rombo das contas externas, de mais de US$ 80 bilhões, é o terceiro maior do planeta. “O jeito foi se apegar a um técnico que ainda desfruta de credibilidade internacional”, diz um ministro com trânsito no Palácio do Planalto.
Ao recorrer ao apoio de TOMBINI, Dilma recolocou o presidente do BC novamente nas paradas. Assim que a autoridade monetária informou mudanças na agenda de seu comandante, voltaram os rumores de que ele poderia ser anunciado ministro da Fazenda em plena reunião de líderes das 20 principais economias do globo, no próximo fim de semana. TOMBINI passou os últimos dias na Suíça, onde participou de reuniões do Comitê da Basileia. De lá, deveria fazer uma parada em Londres para participar da Conferência Europeia 2014, promovida pelo Banco UBS. Mas foi deslocado para a Austrália diretamente pela presidente da República.
Que ninguém descarte a possibilidade de TOMBINI suceder Guido Mantega na Fazenda – ele, inclusive, aceitaria de bom grado o convite. Além de ser da extrema confiança de Dilma, fez um trabalho que ela considera muito bom. Mas interlocutores do Planalto ressaltam que, não tendo ainda escolhido o chefe da equipe econômica para os próximos quatro anos, a presidente da República pode estar indicando que, ao levar o presidente do BC a tiracolo para o G20, está ratificando que ele continuará onde está nos próximos quatro anos, ou seja, à frente do BancoCENTRAL, que cortará um dobrado para levar a inflação ao centro da meta até 2018.
“Supondo que a presidente estivesse com Aloizio Mercadante ou Nelson Barbosa na sua comitiva, certamente os investidores entenderiam que o acompanhante ilustre já havia sido escolhido para o Ministério da Fazenda“, destaca um assessor do Planalto. “Como ela ainda não escolheu o sucessor de Mantega, não existe melhor sinal neste momento, para tentar resgatar a confiança na política econômica, do que garantir o comandante do Banco CENTRAL“, acrescenta. Não se pode esquecer que TOMBINI tem a missão de elevar os juros para conter o ímpeto inflacionário e desmontar as operações de swap cambial, que equivalem à venda futura de dólar. São US$ 100 bilhões em jogo.
Malas desfeitas
Depois do que ouviu no fim de semana, Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco CENTRAL, começou a desfazer as malas, que estavam prontas aguardando apenas o convite de Dilma para que ele assumisse o Ministério da Fazenda. Mas a esperança é a última que morre.
Rota latina
A Gol quer montar uma operação na República Dominicana. A voadora escalou Julio Perotti, ex-presidente da WebJet, baseado em Miami, para estruturar a operação e negociar com o governo dominicano. A ideia é montar um hub por lá para as rotas da América Latina e dos EUA.
Fonte: Correio Braziliense