Troca de comando no Fed

    TRUMP INDICA JEROME POWELL PARA A PRESIDÊNCIA DO BANCO CENTRAL DOS ESTADOS UNIDOS. MERCADO ESPERA MANUTENÇÃO DA CAUTELA QUE A ATUAL TITULAR DO CARGO, JANET YELLEN, DEMONSTROU NO PROCESSO DE ALTA DOS JUROS. NOMEAÇÃO DEPENDE DE AVAL DO SENADO

    Como diretor do Fed, Powell apoiou a forma como a política monetária foi conduzida por Yellen

    O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump indicou ontem Jerome Powell, diretor do Federal Reserve(Fed, o Banco Central americano), para ocupar a presidência da instituição a partir de fevereiro, quando termina o mandato da atual titular do cargo, Janet Yellen. A expectativa é que, caso seja confirmado pelo Senado, Powell dê continuidade à política monetária conduzida por Yellen, marcada pelo gradualismo na alta de Juros.

    Em um pronunciamento na Casa Branca, Trump manifestou confiança na aprovação do Senado ao nome escolhido por ele, afirmando que Powell tem ‘o respeito e a admiração de seus colegas no Fed, além do respeito de legisladores republicanos e democratas no Congresso’. Trump também agradeceu a Janet Yellen, afirmando que ela tem feito um trabalho excelente à frente da instituição.

    Ao lado de Trump, Powell fez um rápido discurso, no qual ressaltou que está comprometido com o cumprimento das metas do Congresso para a inflação e o nível de emprego na economia norte-americana, e indicou que pretende atuar com independência na nova função. ‘No Fed, entendemos que as decisões de política monetária são importantes para as famílias americanas. Por isso, garanto que continuaremos tomando decisões objetivas, baseadas em evidências e na trajetória de independência da política monetária’, afirmou.

    Desde o fim de setembro, quando Trump entrevistou Powell para o cargo, o diretor esteve à frente das apostas do mercado para comandar o Fed. Ele contou com o apoio do secretário do Tesouro, Steven Mnuchin. Além de continuar com o gradualismo na alta de Juros, Powell defende menor regulação dos mercados, em consonância com a agenda liberalizante do governo Trump.

    Havia outros quatro concorrentes ao posto. Além da própria Janet Yellen, foram lembrados o economista John Taylor, da Universidade de Stanford, o ex-diretor do Fed Kevin Warsh e o diretor do Conselho Econômico Nacional, Gary Cohn.

    Continuidade

    Para o economista-chefe da Mauá Capital, Alexandre Ázara, a indicação de Powell é positiva, porque representa a continuidade do que o Fed já vem fazendo. Ele destacou a postura crítica do futuro presidente da instituição ao que chama de excesso de regulação do mercado financeiro nos EUA desde a eclosão da crise de 2008. ‘A regulação passou do ponto’, observou Ázara.

    O economista da Mauá avaliou que, com Powell, a política monetária do Fed continuará no mesmo ritmo definido por Janet Yellen. ‘O processo de normalização da economia norte-americana deve ser mantido, já que os votos de Powell no Fed são muito parecidos com os da Yellen’, disse. O Fed aumentou os Juros duas vezes neste ano. A próxima elevação deve ocorrer em dezembro.

    De acordo com Ázara, o mercado financeiro deverá abrir nesta sexta-feira com comportamento tranquilo, muito parecido com o de quarta-feira. ‘Se o indicado tivesse sido John Taylor, o mercado abriria comprando seguro’, disse Ázara. Taylor é visto pelo mercado como defensor de taxas de Juros maiores.

    Ex-banqueiro

    O advogado Jerome Powell, 64 anos, é filiado ao Partido Republicano e já foi subsecretário do Tesouro durante o governo de George W. Bush. Se receber aval do Senado, será o primeiro presidente do Fed não economista em mais de 40 anos. Será também o primeiro ex-banqueiro de investimentos a ocupar o posto. Powell trabalhou durante quase 20 anos em bancos de Wall Street. Como diretor do Fed, ele, apoiou a política monetária adotada por Janet Yellen, observando, diversas vezes, que a inflação baixa justificava a condução cautelosa do processo de aumento das taxas de Juros.

    Fonte: Correio Braziliense

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