Volatilidade do mercado não deve alterar estratégia do Copom

    Volatilidade do mercado não deve alterar estratégia do Copom

    A atual volatilidade nos mercados internacionais não deverá alterar a estratégia do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, a julgar pela função reação que vem sendo comunicada pela autoridade monetária nos últimos meses.

    O mercado prevê que o colegiado, que abriu ontem seu primeiro dia de reunião de fevereiro, vá cortar hoje os Juros básicos em 0,25 ponto percentual, de 7% ao ano para 6,75%. Não parece haver motivo, também, para mudar a sinalização de maior cautela para a decisão da próxima reunião, em março.

    Em dezembro, o Copom incluiu entre os seus fatores de risco para a inflação uma eventual mudança no humor externo que leve a um ambiente de menor liquidez para as economias emergentes. Porém, é muito provável que os membros do colegiado queiram observar o ambiente externo por um período mais prolongado de tempo para avaliar o que, entre as turbulências de mercado, será temporário ou permanente.

    Apesar da forte oscilação dos mercados, a taxa de Câmbio segue um pouco abaixo da cotação de R$ 3,29 usada pelo comitê nas suas projeções apresentadas no Relatório de Inflação de dezembro, que apontam uma variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 4,2% em 2018, levemente abaixo da meta.

    Às vezes os mercados tendem a entender que esses movimentos mais voláteis têm implicações permanentes para a inflação, mas no fim não tem significado algum. É o caso, por exemplo, da queda do dólar logo depois do julgamento do ex-presidente Lula no TRF-4, que fez alguns analistas preverem cortes mais profundos de Juros.

    A queda dos mercados internacionais se deve, em boa medida, à divulgação de dados do mercado de trabalho nos Estados Unidos, que indicaram alta mais forte dos salários. Não está claro neste momento, porém, se essa alta se deve ao pagamento de bônus ou se reflete a dinâmica do mercado de trabalho mais apertado.

    Mesmo que nas próximas semanas fique configurado um cenário com altas mais fortes de Juros nos Estados Unidos e de aperto na liquidez para as economias emergentes, será necessário examinar como o Banco Central brasileiro vai reagir a essa situação.

    Banco Central tem afirmado desde fins de 2016 que, depois que foi bem-sucedido em ancorar as expectativas de inflação, poderá administrar o regime de metas de acordo com o livro texto. Isso significaria deixar o ajuste de preços relativos ocorrer e, eventualmente, combater apenas efeitos secundários do choque.

    Combater os efeitos secundários seria, basicamente, manter as expectativas ancoradas, evitando que um eventual choque do dólar se espalhe para outros preços da economia.

    Como até o momento a queda dos mercados internacionais não teve um impacto significativo no cenário inflacionário, a reunião do Copom que acaba hoje deverá se concentrar nos temas debatidos desde o encontro de dezembro. O comitê vinha discutindo se a tendência subjacente da inflação é compatível com o cumprimento da meta de 2018 ou se o IPCA vai se perpetuar em níveis muito baixos.

    Os dados divulgados desde dezembro parecem corroborar o cenário central do Copom de convergência para a meta em 2018, por isso tudo indica que hoje o colegiado fará um corte de 0,25 ponto na taxa básica.

    Para março, o mais provável é que o Copom continue a avaliar os dados, para tomar a decisão apenas no momento da reunião. A manutenção da mensagem de cautela permitiria ao Copom tanto cortar os Juros em 0,25 ponto percentual quanto manter a taxa Selic inalterada.

    Fonte: VALOR ECONÔMICO

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