(DES) MOBILIZAÇÃO: O PAPEL DA ADMINISTRAÇÃO DO BANCO CENTRAL
Negociação salarial é sempre uma luta árdua para os trabalhadores em geral e mais ainda para os Servidores Públicos, especialmente se considerada a inexistência de regulamentação do direito de greve.
Acrescente a esse cenário o ajuste fiscal em curso, a inflação em alta e os juros estratosféricos e temos então uma batalha hercúlea, que é justamente a que vem sendo travada na atual campanha salarial.
Ao contrário do que seria de se esperar, uma mobilização intensa em defesa de nossas pautas, o que se constata é a baixa adesão de servidores ao movimento reivindicatório, especialmente daqueles lotados em Brasília.
Como explicar essa apatia?
As razões podem ser múltiplas, mas, por hora, vamos nos ater a uma única, afeta aos Servidores e a Administração, ou seja, a atual situação de comissionamentos no Banco Central. De acordo com o quadro abaixo, o Banco Central tem em média 25% de seu quadro com algum tipo de função comissionada. Vale dizer que, em cada quatro servidores, um é detentor de comissão. Todavia, se olharmos a distribuição regional, verifica-se que em Brasília, onde a mobilização é menor, 33% dos servidores são comissionados, ou seja, um em cada três servidores é chefe ou pelo menos exerce uma função comissionada. Afora a Sede, nas Regionais essa proporção é bem inferior, mas ainda assim varia de 10%, caso de Fortaleza, a 23%, no caso do Rio de Janeiro.
Bem, como já afirmado, essa não é a única razão para a desmobilização dos Servidores, mas certamente tem o seu peso, dado o elevado número de comissionados que, além de desfrutar de situação financeira mais favorável que os demais, estão sujeitos aos interesses da Administração, o que reduz seu grau de liberdade, inclusive para aderir às campanhas salariais. Pode-se afirmar ainda que essa inversão de valores, onde preservar a comissão passa a ser mais importante do que lutar pela remuneração geral, tem o nefasto efeito desmobilizador sobre o restante da categoria.
A postura da Administração do Banco Central na atual campanha salarial, de completo descaso, é de uma conveniência ímpar, pois, se de um lado alimenta a desmobilização com a atual estrutura DE COMISSIONAMENTO, pelas razões já expostas, de outro se utiliza da DESMOBILIZAÇÃO para justificar sua passividade.
Por fim, seria de se perguntar à Diretoria da Casa se esse “quadro” de comissionamentos que aí está atende aos princípios constitucionais que regem a administração pública, especialmente o da eficiência.
Com a palavra o Sr. Presidente do Banco Central. DIREX SINAL CURITIBA