O que vale mais: nossas comissões ou nossa carreira?
Caro colega comissionado do Banco Central, a reforma administrativa prometida pelo Governo está prestes a entrar em sua fase decisiva, com a possibilidade de “ir dormir desconhecida e amanhecer aprovada”. E, neste momento delicado para todos nós, servidores, a pergunta vai especialmente para você:
O que vale mais: nossas comissões ou nossa carreira?
Nosso Banco Central é reconhecido por sua excelência técnica, reputação que construímos com anos de eficiência, de cooperação entre equipes, de capacitação e de ótimos resultados entregues à sociedade. O que se avizinha, no entanto, promete desfazer tudo isso.
Nos últimos meses, já vimos restrita a possibilidade de capacitação por você ocupante de cargo comissionado; estamos vivendo a constrangedora restrição ao orçamento do Banco Central; além do enforcamento de nossas equipes, com a proibição de recomposição dos quadros. Agora, vem a promessa de rebaixamento da nossa carreira e enquadramento dos nossos cargos no mal ajambrado carreirão do Executivo.
Isso vai nos afetar dramaticamente. A inclusão das carreiras do BC no aventado carreirão deve, na prática, nos impedir de progredir na carreira. A entrada de novos servidores com piso salarial mais baixo e sem prerrogativas como a estabilidade trará, inequivocamente, inúmeros problemas de gestão para o Banco. Poderemos ver servidores altamente preparados deixando o Banco Central para serem alocados em outros órgãos. E, ao mesmo tempo, receber profissionais não habilitados vindos de outras áreas do governo. Pior: indicações de partidos. Sem contar o próprio fim do PASBC, ameaçado por mudanças legislativas.
Não aposte que esse cenário é um futuro distante e improvável. A Alta Administração do BCB está habituada a adotar um discurso pacificador e tranquilizador de que nada ocorrerá, de que tudo está sendo feito para que tudo saia da melhor forma possível. Acredite: tudo isso está sendo discutido exatamente agora, enquanto você lê este texto, e está a um passo de ocorrer.
A nossa única saída é nos mobilizar em torno daquilo que nos é mais caro: nossa carreira, nossas condições de trabalho e o nosso ótimo desempenho histórico, que alçou esta Casa a um patamar elevado de reconhecimento na sociedade. Mesmo que a Diretoria mostre-se empenhada em evitar que isso ocorra, precisamos deixar clara nossa preocupação, os riscos para o Banco Central e para a economia brasileira.
Caro colega comissionado, seja um líder também na sua carreira. Converse com seus colegas, com suas equipes, e mobilize-se. Converse com seus diretores e manifestem esta preocupação. Expliquem e deixem claro o custo de mudanças desse tipo para o trabalho que desenvolvemos, para a própria reputação do Banco Central. Cobrem a valorização do BC e do que fazemos. Não há como deixar para depois.
Informamos que estaremos na reunião proposta pela Associação hoje às 15h no 2S para alinhamento.
O Sinal esta buscando interlocução com o BC e o ME e chamará, em conjunto, em breve, uma assembleia para apresentação das estratégias em andamento.
Andréia Medeiros
Presidente do Conselho Regional
Seção Regional Brasília
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