Edição 69 - 02/07/2012

Unidos, servidores das carreiras típicas de estado se mobilizam para garantir a manutenção do poder de compra de seus salários e um serviço público de qualidade

Os servidores do Banco Central do Brasil participaram ontem de manifestação com outros servidores da carreira de Estado para protestar contra o congelamento salarial que estas carreiras sofrem desde 2008. O último acordo salarial entre governo e estes servidores ocorreu em final e 2007, para implementado em três parcelas, por motivos orçamentários, segundo representantes do governo à época.


Entre 250 e 300 servidores do Banco Central marcaram presença no universo de pouco mais de 1500 servidores de carreiras de Estado. Os servidores do Banco Central tiveram dois motivos a mais para participar de tal movimentação: a classificação inferior de sua remuneração em relação à um grupo de carreiras, como a Receita e a AGU e a questão da modernização prometida desde então e nunca implementada.


Mas não foi apenas no ato de ontem que as carreiras de estado mostraram seu descontentamento frente ao silêncio do governo para suas reivindicações.  Funcionários do Banco Central, gestores e auditores fiscais da Receita e do Trabalho, trabalhadores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), da Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), do Itamaraty, das Agências Reguladoras, delegados da Polícia Federal, peritos criminais, oficiais de inteligência, analistas e técnicos de Finanças e Controle, analistas de Comércio Exterior, carreiras de Planejamento e Orçamento, auditores de Controle Interno, especialistas em Políticas Públicas e Gestão Governamental, advogados e defensores públicos e procuradores federais estiveram durante toda a semana mobilizados. Além disso as entidades criaram ferramentas de multimídia  sobre a campanha salarial para veicular na rádio e televisão a partir do mês de julho.

 


Semana de mobilizações nas carreiras de Estado


A Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF) e o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (SINAIT) têm mobilizações centradas no movimento da União das Entidades Representativas das Carreiras de Estado, sendo que o SINAIT também encaminhou um pedido de audiência à ministra do planejamento, Miriam Belchior.


As assembleias das diversas categorias que fazem parte do movimento unificado também têm sido bem articuladas. A mobilização interna da Controladoria Geral da União, por exemplo, contou com a adesão de 90% dos servidores, dos quais 96% votaram a favor da paralisação dos serviços às terças e quartas-feiras.


Além destas, outras organizações tem se mobilizado para além do ato público de ontem. Um exemplo são os Auditores-Fiscais que, de acordo com a Associação Nacional de Auditores Fiscais da Receita (ANFIP), já estão realizando operação padrão e crédito zero. A campanha salarial desta categoria também divulgou as cartas que enviou à presidenta Dilma Rousseff e ao líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia do PT-SP.


O Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil (SINDIFISCO) divulgou que a paralisação dos auditores em Foz do Iguaçu, importante local nas rotas de entrada e saída do país, é quase total – excluindo-se apenas o lançamento de grandes ressarcimentos. Seus auditores também não estão concluindo o desembaraço na fiscalização aduaneira. No sudeste, quase 100% das unidades da Receita Federal do Brasil estão participando da mobilização. E no Nordeste continua a fiscalização, mas os lançamentos estão parados na maioria dos setores da Receita. Em função do encaminhamento positivo da mobilização em todo o país, a Assembleia Nacional do SINDIFISCO encaminhou favoravelmente a realização da Plenária Nacional, que ocorreu nos dias 26 e 27/06, em São Paulo.


O Sindicato Nacional dos Analistas e Técnicos de Finanças e Controle (UNACON) também contou com grande participação na última assembleia geral dos trabalhadores do Tesouro Nacional, onde estiveram em pauta a paralisação da terça-feira, dia 27 de junho, a mobilização nacional e o não acesso aos sistemas corporativos nos dias 27 e 28 de junho. Pará, Paraíba, Minas Gerais e Amapá são exemplos de estados da categoria que seguem paralisados. A plenária referendou amplamente os indicativos de mobilização.


Os funcionários do Itamaty, segundo o Sindicato Nacional dos Servidores do Ministério das Relações Exteriores (SindItamaraty), estão de greve desde o dia 18. Mais de 90 postos consulares já foram fechados em decorrência do movimento. A principal reivindicação dos oficiais de chancelaria e assistentes de chancelaria é a transformação dos salários de vencimentos em subsídios, o que evita o risco de perdas ao longo da carreira e na aposentadoria, além da equiparação salarial com categorias equivalentes do serviço público. A presidenta Dilma já faz concessões para atender essas demandas com a assinatura da minuta de lei que deve incorporar gratificações aos salários.


Junto aos seus filiados o SINAL-DF  garantirá a representação dos interesses dos servidores do Banco Central em meio à mobilização nacional e à luta unificada dos servidores públicos.

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