Edição 72 - 09/08/2012

INFORME DA GREVE EM BRASÍLIA

 

O Sinal-DF registra que a greve de 24 horas, realizada ontem, 08.08.2012, foi exitosa em todas as áreas do Banco Central em Brasília. Embora a nossa lista de presença de greve tenha registrado 591 assinaturas, sabemos que muitos se dirigiram diretamente ao ato do MPOG e acabaram não assinando. A perspectiva do Comitê de Mobilização, que andou pelos andares do Banco ao longo do dia, é de que o índice médio de adesão seja próximo a 70% do total de servidores da ativa no DF. Nessas andanças, o Comitê percebeu que, ao tempo em que em uns poucos departamentos havia próximo de 50% de adesão, a grande maioria dos departamentos estava praticamente vazia, ou com uma adesão próxima a 90%, excetuando-se, obviamente, as equipes de gabinete. Observou-se ainda que, mesmo os poucos servidores que permaneciam trabalhando no Edifício Sede, em sua quase totalidade, manifestavam total apoio ao movimento estando, na maior parte dos casos, como reserva de contingência.

Além do trabalho de checagem, os integrantes do Comando ouviam as explicações e manifestavam seu respeito pelos servidores que ali estavam cumprindo sua importante missão, mas lembravam a todos a importância do movimento para o futuro da instituição e para a valorização de nossa carreira.

Os servidores em greve se posicionaram na entrada do Edifício Sede e, entre outras coisas, discutiram a falta de sensibilidade do Governo em negociar com os servidores públicos a recomposição do poder de compra de seus salários. Para entreter tantos servidores, foi contratado um telão para exibição dos jogos Olímpicos que, na primeira meia hora, não sintonizava os jogos e insistia em exibir a seguinte mensagem: “sinal fraco ou inexistente”, o que inicialmente inquietou a direção do Sinal-DF sobre a possibilidade de existência de fogo amigo não identificado. Além do telão, tivemos o mágico Claudionor, o filho da luz, que divertia os servidores e se dizia tão rápido que seria capaz de levar a carteira do servidor sem ser percebido. Os servidores do BCB mostraram a Claudionor que, em matéria de dinheiro, nós somos mais rápidos e ele saiu com a mão no bolso com medo de ficar sem a própria carteira. Brincadeiras à parte, o clima foi de cordialidade e reencontro de servidores que, trabalhando com afinco no mesmo local, acabam não tendo tempo de conversar. Não houve piquete, mas de acolhida fraternal aos que chegavam. Quem não aderiu também não se constrangeu ao passar por lá, abraçar amigos que há tempos não via e até sentar para um bom papo, ouvir sobre o movimento e desejar boa sorte.

À tarde os servidores se dividiram entre participar da mobilização na frente do MPOG e manter guarda à frente do Banco. Um fato a ser destacado é que, pela primeira vez nesta campanha, estivemos todos juntos, analistas, técnicos e procuradores, em uma manifestação contra a política de desintegração de nosso salário real adotada conscientemente pelo atual Governo. Tal fato tornou o Edifício Sede ainda mais esvaziado no período da tarde. Os que ficaram tiveram a oportunidade de se deleitar com o show da cantora Vanessa Porto, filha de nosso colega Porto do SintBacen,  que nos proporcionou uma tarde muito agradável.

Apenas um Episódio Lamentável

Por onde andou, o Comitê de Mobilização foi acolhido pelos servidores e chefes, e respeitou aqueles servidores que decidiram não participar da paralisação. No entanto, e para surpresa de todos, o chefe do Deafi, Eduardo de Lima Rocha, nos parou nos corredores de acesso ao departamento informando que não concordava que tivéssemos acesso às suas dependências para conversar com seus funcionários, dizendo-nos que (sic): “já permiti que meus funcionários aderissem à greve e não descerei para chamá-los de volta ao trabalho, razão pela qual não aceito, também, que o Comando percorra o meu departamento, para convidar os meus servidores, que ainda não aderiram à greve, a fazê-lo”.

Após momentos de debate tenso, Eduardo informou ao Comitê que tudo que tivéssemos de dizer aos seus servidores deveria ser dito à sua frente e que só permitiria que falássemos com eles se fosse em sua sala, convocando a todos para que ouvissem o que tínhamos a dizer. Constrangidos, os servidores ouviram calados e cabisbaixos o Comitê de Mobilização sem externar qualquer sentimento. Aos olhos do Sinal-DF este episódio pareceu uma afronta aos princípios básicos de respeito ao direito de livre expressão e de greve, mais próximo de uma situação de abuso de poder do que de um relacionamento cordial esperado entre chefia, servidores e colegas de trabalho. Além disso, preocupam-nos que atitudes como essa possam trazer ao próprio departamento e à instituição a perda ou evasão de talentos.

A Vitória Conquistada

O Sinal-DF considera o evento de paralisação e mobilização uma vitória de todos os servidores do Banco Central em Brasília, pelo sucesso do movimento coletivo; com clara participação da ampla maioria dos servidores da casa; pelo clima de cordialidade e respeito reinante em todos os momentos; pela responsabilidade demonstrada por aqueles encarregados pela manutenção dos serviços essenciais; pela integração demonstrada entre servidores e sindicatos; e, por receber, no final do dia, o feedback positivo do Secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Trabalho.

Chamados de urgência, os dirigentes do Sinal, Sérgio Belsito, e do Sinal-DF, José Ricardo, juntamente com dirigentes das demais carreiras de Estado, participaram de encontro no MPOG, com Sérgio Mendonça. Embora tenha reafirmado sua incapacidade para apresentar uma proposta naquele momento, o Secretário parabenizou as entidades pela movimentação do dia, pela beleza do espetáculo desse exercício de cidadania e de democracia, manifestado por meio da paralisação e da livre manifestação pelas ruas da Esplanada. Ao final, o secretário se dirigiu privadamente aos dirigentes do Sinal para lhes falar sobre a necessidade de conversarmos oportunamente.

PARABÉNS BRASÍLIA!

Atualizado em 10.08.2012

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