Edição 712 - 01/02/2017

Servidor Polvo


Toda vez que uma empresa entra em dificuldade, ela precisa fazer o melhor possível com o pessoal que permanece. Fazer muito com pouco torna-se questão de sobrevivência, acumulando tarefas e alongando o expediente.

Engana-se quem acredita que esta é uma realidade somente da iniciativa privada. Com o menor efetivo desde 1975, o servidor do Banco Central tem que fazer milagre para que a missão institucional seja entregue.

Diante deste cenário a palavra de ordem do presidente Ilan Goldfajn é eficiência, ou seja, melhor resultado com menos recursos investidos.

Mas, até que ponto é possível o acúmulo de tarefas? Quanto dura o aumento de produtividade? Afinal, as pessoas não são máquinas, elas se cansam. Não é possível dar 100% o tempo todo. E, ao ultrapassar limites físicos, a pressão tem o efeito contrário, prejudicando o serviço.

E mais, o quanto esta pressão dentro do trabalho começa a afetar nossa saúde? Enxaqueca, tendinite, stress e síndrome de burnout, são cada dia mais corriqueiras.

E o cenário é cada vez mais sombrio. O último concurso ocorreu em 2014, da solicitação de 1850 vagas o Ministério do Planejamento autorizou a posse de somente 566 novos servidores.

Apesar de apresentar o menor efetivo dos últimos 42 anos, o Banco Central teve negado seu pedido de realização de novo concurso. Isso se deu em função da necessidade de contenção dos gastos públicos, que fez o governo suspender a liberação de novos concursos. A suspensão é até o fim de 2017, salvo algumas exceções. Dentre elas a Receita Federal, que conta com a previsão de realização de concurso 2017 para 400 vagas constando do orçamento federal.

Como convencer estes novos servidores a não “migrar” para a Receita no atual cenário, com a edição da Medida Provisória 765/2016 que, além de reajustar os salários dos Auditores Fiscais, agregará aos seus contra-cheques “Bônus de Eficiência e Produtividade“? São quase R$5.000,00 a mais para quem está em início de carreira. Sem contar a maior possibilidade de mobilidade para outras cidades…

Em 2014, quando a situação não era tão crítica, o Relatório de Auditoria Anual de Contas da Controladoria Geral da União (CGU) já havia alertado: “Dado o número atual de servidores e mantido o ritmo de aposentadorias hoje existente, a instituição poderá vir a enfrentar dificuldades para cumprir sua missão institucional”.

Mais do que eficiência, vamos precisar de servidores-polvo.

Saiba mais:

Estudo elaborado pela Diretoria de Estudos Técnicos do Sinal, a respeito das disparidades salariais entre carreiras congêneres.

http://www.sinal.org.br/filiados/arquivo/assimetriadascarreiras_atualizado.pdf


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Rita Girão Guimarães
Presidente do Conselho Regional
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