Edição 734 - 08/03/2017

We Can Do It!


Sinal-DF Informa de 08/03/2017

A imagem do icônico poster “We can do it” surgiu na época da segunda guerra. A moça retratada na ilustração era conhecida como Rosie, “the riveter” (Rose, a rebitadora). Rose Will Monroe foi de fato uma rebitadora da indústria pesada e a ideia de tê-la como modelo para a propaganda era de que o maior número possível de mulheres se identificassem com ela e seguissem seus passos. O fato é que o conceito da propaganda era desconstruir a ideia do feminino como sexo frágil com o intuito de preencher as vagas masculinas (de chão de fábrica, braçais) na indústria.

Já se passaram 74 anos, mas a luta não acabou: ainda hoje muitas mulheres não atingiram equiparações salariais. Ainda sofrem preconceito e hostilização por atuar numa área “masculina”. Apesar de terem maior nível de instrução (graduação, pós, especialização, MBA…), cargos de chefia são direcionados majoritariamente a homens.

Apesar da participação feminina cada vez maior na sociedade, a desigualdade entre homens e mulheres persiste ao redor do mundo. Dados divulgados pelo Fórum Econômico Mundial revelam que a equiparação entre os sexos só deve ocorrer daqui a mais de 100 anos, em 2133. O Índice Global de Desigualdade de Gênero de 2015 analisou 145 países, entre eles Islândia (1º), Noruega (2º) e Finlândia (3º), que lideram o ranking, situando-se o Brasil na metade final da lista (85º lugar), com Síria (143º), Paquistão (144º) e Iêmen (145º) nas últimas posições.

As estatísticas são baseadas em um relatório do Fórum Econômico Mundial que comparou 145 países segundo a probabilidade de as mulheres participarem da vida política e econômica bem como ter acesso à educação e à saúde.

No Brasil, por exemplo, a despeito da maior proporção de mulheres formadas em universidades (61%), na hora de ocupar cargos públicos de alto escalão a estatística se inverte. Veja quadro abaixo:

Metodologia

Para produzir o Índice Global de Desigualdade de Gênero, o Fórum Econômico Mundial analisou mais de uma dezena de dados relacionados a participação econômica e oportunidade, nível de escolaridade, saúde, sobrevivência e capacitação política.

Os rankings foram compilados calculando a desigualdade de gênero no acesso a recursos e oportunidades em cada país. Essa base de comparação permite analisar países pobres e ricos de igual maneira.

Esta é a 10ª edição do relatório e abrange 145 países.

Os dados sobre a desigualdade de salários entre homens e mulheres são da Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OCDE). As estatísticas usadas de cada país eram as últimas disponíveis – entre 2010 a 2013.

A OCDE calcula a diferença salarial entre homens e mulheres como a diferença entre os salários médios de homens e mulheres em relação ao salário médio dos homens. As estimativas são baseadas em trabalhadores de tempo integral.

Os dados sobre a proporção de mulheres com ensino universitário são do Instituto de Estatísticas da Unesco.

Reforma da Previdência

Um dos grandes assuntos em pauta ultimamente tem sido a polêmica proposta de reforma da Previdência, que equipara tempo de contribuição e idade mínima de 65 anos para a aposentadoria de homens e mulheres.

Mas será que é realmente justo equiparar a idade mínima e o tempo de contribuição dos trabalhadores e das trabalhadoras?

Segundo o estudo “Mulheres e trabalho”, do Ipea, as mulheres ganham 30% menos quando ocupam o mesmo cargo. Segundo relatório do Banco Interamericano de Desenvolvimento, essa disparidade salarial é praticamente o dobro da média mundial, o que coloca o país numa péssima posição no ranking mundial, em termos de igualdade de gênero.

O mesmo estudo do Ipea revela que as mulheres trabalham 25,3 horas por semana em casa, em comparacão com as 10,9 horas dos homens. Ou seja, colocando na balança, a jornada de trabalho feminino é de cinco horas a mais do que a masculina.

Entretanto, há que se reconhecer que estas horas, apesar de consumirem e desgastarem significativamente a mulher trabalhadora e acrescentarem importante valor à sociedade, não têm o reconhecimento merecido nem são objeto da devida remuneração, razão pela qual não acreditamos haver justiça nas mudanças defendidas pelo governo para a previdência.

Somos desbravadoras, e temos que nos orgulhar, mas ainda há um longo caminho de luta pela frente.

8 de março – Dia Internacional da Mulher

Filie-se ao Sinal! Juntos somos mais fortes!

Rita Girão Guimarães
Presidente do Conselho Regional
Seção Regional Brasília

1.512 filiados em Brasília

https://portal.sinal.org.br/wp-content/uploads/2016/11/rodape_07_10_2016_IMG_2.jpg

Edições Anteriores
Matéria anteriorDia Internacional da Mulher
Matéria seguinte