Dólar supera R$ 3,14 com EUA e Grécia

    O mercado de câmbio teve um pregão de muita oscilação, em sintonia com as notícias vindas do exterior. Após abrir em queda, cotado abaixo de R$ 3,10, o dólar comercial ganhou terreno no decorrer das operações, para encerrar o dia a R$ 3,1445, com ganho de 1,14%. Os juros futuros terminaram em alta na BM&F. 

    Além das preocupações em relação ao futuro da Grécia, dados do mercado de trabalho dos EUA melhores que o esperado mexeram com o mercado. O setor privado americano abriu, em termos líquidos, 237 mil vagas de trabalho em junho, acima da expectativa de criação de 220 mil postos, sendo o melhor resultado desde dezembro de 2014. Os números reforçaram a leitura de que a economia americana está em recuperação e que, dessa forma, o Federal Reserve (Fed, banco central do país) ruma para elevar os juros em um futuro próximo, possivelmente em setembro. 

    Nesse cenário, a moeda americana se fortaleceu diante das principais divisas, e as taxas dos Treasuries (títulos do Tesouro dos EUA) fecharam em alta. 

    Depois de o governo grego não ter pago a dívida de ? 1,6 bilhão ao Fundo Monetário Internacional (FMI) que venceu na segunda, ontem o presidente do Eurogrupo (que reúne os ministros de Finanças da zona do euro), Jeroen Dijsselbloem, descartou um acordo com o governo da Grécia antes da realização do referendo, marcado para 5 de julho, em que a população decidirá se aceita um pacote de medidas de austeridade em troca de um novo programa de socorro. 

    Na BM&F, os contratos futuros de juros foram pressionados, reagindo à alta do dólar e dos Treasuries, além de incertezas sobre as sinalizações do Banco Central em relação ao ciclo de aperto monetário. O contrato DI (Depósito Interfinanceiro) com prazo em janeiro de 2016 subiu de 14,24% para 14,26%, enquanto o DI para janeiro de 2017 avançou de 13,94% para 14,02%. 

    Declarações de um membro da equipe econômica para a agência “Bloomberg” reforçaram que o Banco Central continuará aumentando ataxa de juros até que sua estimativa de inflação para 2016 chegue ao centro da meta, de 4,5%. 

    O mercado avaliou essas declarações como um ajuste aos comentários do diretor de assuntos internacionais do BC, Tony Volpon, em teleconferência com economistas realizada na segunda-feira. O mercado havia interpretado a fala de Volpon como uma sinalização da possibilidade de o BC interromper o ciclo de alta antes da sua projeção de inflação para 2016 convergir para a meta, promovendo um aperto nos juros menor que o esperado pelo mercado e mantendo a taxa Selic em patamar elevado por mais tempo no ano que vem. 

    Na avaliação do gestor de renda fixa e derivativos da Brasif Gestão, Henrique de la Rocque, os comentários feitos nesta semana por Volpon não corroboram visões de um BC ainda mais “hawkish” (inclinado ao aperto). Nos últimos meses, o mercado de DI viveu sob forte pressão, diante das surpresas consecutivas com o tom “hawkish” do Banco Central

    “O mercado tem visto esse aparente abrandamento do tom do BC de uma forma até positiva, porque o tom muito ´hawkish´ do BC estava não só surpreendendo como gerando apreensão em alguns no mercado”, diz la Rocque.

     

    Fonte: Valor Econômico

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