Edição 80 - 18/12/2017

Dois pesos e duas medidas

Com 93% de rejeição e envolvimento em “maracutaias”,  o presidente Temer não tem legitimidade para apresentar esta reforma

Quem vem acompanhando o posicionamento da imprensa sobre o projeto de reforma da previdência nota claramente que diversos editoriais e os assim chamados “Colunistas econômicos” vem apresentando uma postura quase histérica sobre aquilo que denominam a luta dos “privilegiados” contra a necessária reforma.

Nos seus textos os funcionários públicos são achincalhados como “vagabundos” e “marajás” que cerceiam o futuro da nação. O seu diagnóstico é cartesiano: A economia de até 600 bilhões em 10 anos seria fundamental para a economia brasileira se reerguer e caminhar para um futuro glorioso.

A manchete acima, de 50 anos atrás, nos lembra de que forma estas soluções técnicas são pensadas e formuladas. O capital é o único e legítimo produtor de riquezas, o trabalhador é um mero coadjuvante. Não lhes causa espécie os bilhões de reais em isenções previdenciárias que o governo concede atualmente a ruralistas e outros grupos empresariais, afinal de contas, são facilidades para produtores de riqueza, o nosso querido agronegócio. Também não estranham que os grupos políticos que levam a reforma adiante estejam envolvidos nas mais sórdidas roubalheiras já vistos por esta república, são ossos do ofício, racionalizam, um governo ter de negociar com estes tipos que controlam as máfias políticas ou nada se faria neste país. Enfim, os fins justificam os meios.

Não é à toa que a propaganda do governo apregoa em altos brados que aqueles que ganham salário mínimo, e que seriam 70% dos beneficiários da previdência, não tem com o que se preocupar (como quem ganhasse salário mínimo pudesse viver num mar de rosas). No fundo acham justo que o trabalhador ou pensionista ganhe um salário mínimo, só consideram que não precisava ser tantos!

Quanto ao funcionário público, no fundo consideram quase um acinte recebermos mais do que isso, já que francamente consideram os nossos salários um desperdício de recursos públicos. Valores que deveriam estar investindo em empresas produtivas (talvez como o grupo X do Ike Batista ou a JBS do Joesley Batista).

Uma proposta de reforma deveria ser a construção de uma previdência republicana, com todos e para todos, tanto em direitos quanto em obrigações. Seus recursos deveriam ser rigorosamente cobrados e capitalizados para que fossem destinados exclusivamente ao pagamento de pensões e aposentadorias. Mais do que uma reforma, o mínimo que se esperaria seria um pacto pela cidadania, que retirasse os seus recursos das garras dos “abutres” que dela se locupletam, mas o que se propõe passa muito longe disto, é só mais plano econômico para se obter 600 bilhões em 10 anos. De onde virão estes valores? Ora, para eles a resposta é óbvia, da conta do trabalhador que contribuirá 40 anos para se aposentar, dos funcionários públicos que terão suas aposentadorias confiscadas apesar de terem pago regiamente suas contribuições, e que ainda as pagarão, mesmo depois de aposentados.

Para onde irão estes valores? Aí entra a “cereja” do bolo de hipocrisia, sem esta reforma não haverá recursos para a saúde e a educação. Desde a CPMF este é o mote preferido destes abutres, sem que a situação destes segmentos tenham se alterado em uma vírgula.

Somos contra a reforma da previdência porque ela é injusta e oportunista. Ela busca pilhar direitos em troca de promessas cínicas e mentirosas para o povo brasileiro.

Para estes arrivistas do capital travestidos de sumidades econômicas respondemos com a nossa luta sim, porque uma sociedade civilizada se constrói com valores morais e justiça social e não com planos econômicos por parte de quem não possui moral ou legitimidade democrática para oferecê-los.

Queremos um país de verdade e não um país de piratas!

Não esmoreceremos na pesada luta contra a reforma da previdência, contra o congelamento de salário e o aumento da CPSS.

Na semana passada o Sinal-RJ liderou reunião com diversas entidades de servidores públicos e decidimos trabalhar nas férias e no recesso parlamentar. Visita a deputados, cerco nos aeroportos e outras ações serão desenvolvidas. Se você quiser integrar esse esforço informe ao Sinal-RJ.

LUTE CONOSCO, PROCURE O SINAL! FILIE-SE!

Reunião conjunta com entidades representativas dos servidores públicos, em 14/12/2017

 

 

 

 

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