O Banco Central (BC) deverá buscar novamente junto ao Ministério do Planejamento autorização para a abertura de um novo concurso para os cargos da autarquia. A informação foi dada pelo chefe do Departamento de Gestão de Pessoas da instituição (Depes), Marcelo Cota, em entrevista recente a um informativo interno do banco.
Tradicionalmente, os pedidos de concurso do BC abrangem os três cargos de sua estrutura: técnico, de nível médio, com remuneração inicial de R$ 6.882,57 (já com o auxílio-alimentação, de R$458); analista, de nível superior, com inicias de R$17.391,64; e procurador, voltado para quem possui formação superior em Direito. Para esse, os ganhos no início da carreira são de R$ 19.655,67. A solicitação de concurso precisa ser encaminhada ao Planejamento até 31 de maio.
Carência gera confiança na autorização do concurso
Em virtude da grande necessidade de pessoas e das aposentadorias previstas, a expectativa é de que o BC consiga obter a autorização para a abertura do concurso, embora o governo esteja realizando uma política de contenção de gastos.. “Estamos atentos e manteremos estreito contato com o Ministério do Planejamento”, afirmou Cota na entrevista.
Ainda de acordo com o chefe do Depes, a diretoria colegiada do BC aprovou um projeto de gestão da força de trabalho que tem, entre outros objetivos, o de definir a necessidade de pessoal, além de trazer uma proposta detalhada para o concurso. No ano passado, o pedido feito, porém, não atendido, foi para 990 vagas de técnico (150 vagas), analista (800) e procurador (40).
Defasagem do BC é de 2.460 servidores
Embora, segundo Marcelo Cota, a necessidade de pessoal ainda vá ser definida, levando-se em consideração o quadro previsto em lei, o déficit no BC é de 2.460 servidores. Faltam 312 técnicos, 2.021 analistas e 127 procuradores. Há alguns meses, com o quadro menos desfalcado, representantes dos funcionários do banco alertavam que diversos setores já enfrentavam dificuldades por conta da falta de pessoal.
Os números da carência vêm aumentando mês a mês e a tendência é que a defasagem continue crescendo caso não haja um novo concurso, tendo em vista que cerca de 700 servidores já reúnem condições para se aposentar, podendo deixar o banco a qualquer momento. E em todo o serviço público, a expectativa é que, com a reforma da previdência pretendida pelo governo, os servidores exerçam o direito à aposentadoria tão logo alcancem os requisitos necessários.
Diante de tudo isso, provavelmente em algumas semanas, o banco passará a contar com menos de 4 mil servidores, patamar nunca atingido desde a ocupação dos cargos do BC, segundo sindicalistas. Atualmente, apenas 4.010 das 6.470 vagas existentes estão preenchidas, sendo 549 das 861 vagas de técnico, 3.288 das 5.309 de analista e 173 das 300 de procurador.
Grande carência coloca agenda positiva em risco
Diante da falta de pessoal, aliada a outros fatores, o Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal) questionou a viabilidade do programa BC Mais, lançado pelo BC para tratar de questões estruturais da autarquia e do Sistema Financeiro Nacional (SFN).
O Sinal também destacou que, em comparação com outros bancos centrais do mundo, o BC foi dos que mais enxugou os quadros nos últimos anos. “Por este motivo, processos de trabalho correm o risco de parar”, alertou. O BC abriu concurso para as suas três funções pela última vez em 2013.
Fonte:Folha Dirigida