PEC 65 – APITO CARIOCA – “TWIN PEAKS”: DEVAGAR COM O ANDOR QUE O SANTO É DE BARRO…
PEC-65: RUIM PARA O SERVIDOR DO BC,
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“Twin Peaks”: Devagar com o andor que o santo é de barro… |
A discussão sobre a autonomia do Banco Central e o seu papel institucional, não apenas no sistema financeiro, mas na própria sociedade brasileira, merece mais do que reflexão, merece estudo sério para a sua definição.
Na última reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal que discutiu a PEC 65, o líder do Governo no Senado apresentou uma proposta que muda o desenho da regulação e da supervisão do sistema financeiro, com a intenção de colocá-lo em prática já no próximo ano. (A proposta acabou sendo antecipada com o debate sobre a autonomia). Trata-se de um modelo conhecido como “Twin Peaks”, adotado no fim do século passado no Reino Unido e na Austrália. A intenção é redefinir as funções de regulação e supervisão entre o BC e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que se tornariam super-reguladores com focos diferentes. BC, CVM e Susep atuam no mercado financeiro, de capitais e de seguros, respectivamente, e na supervisão de condutas e da proteção dos consumidores nesses mercados. Especialistas indicam que isso cria sobreposições de funções e impede uma atuação mais firme dos órgãos na supervisão sistêmica e no monitoramento de condutas irregulares. Apesar disso, esses mesmos especialistas chamam a atenção para especificidades brasileiras que não permitem uma transposição pura e simples do modelo. Eles concordam que a proposta, mesmo sendo boa, é complexa e precisaria ser implantada gradualmente, até porque há diferença de cultura entre as Autarquias. Mesmo que a ideia demore para ser implantada ou fique pelo caminho, dado o debate técnico e político e a esperada oposição dos servidores públicos, os alertas que levantou não podem ser esquecidos. Um deles é que qualquer que seja o sistema de fiscalização e supervisão vigente, ele precisa de pessoal e recursos. Arminio Fraga – ex-presidente do Banco -, por exemplo, defende uma discussão cuidadosa, e um ponto para o qual sugere atenção especial é o dos orçamentos do BC e da CVM, que, para ele, devem ficar dentro do orçamento federal. Até porque as atividades do BC e da CVM nem sempre dão resultado positivo. Basta ver a volatilidade das operações de “swap cambial” do BC, absorvidas pelo Tesouro quando dão prejuízo. Chama a atenção o caso da CVM, que, em relatório de 2023, registrou que seu orçamento obrigatório foi de R$ 267 milhões naquele ano e o discricionário, de R$ 30 milhões, mas arrecadou só com a taxa de fiscalização R$ 970 milhões, sem contar outras fontes como multas. Aquela Autarquia tem carência de pessoal e depende de convênios com associações de mercado para dar conta de suas tarefas. Nós, servidoras e servidores do Banco Central, somos parte mais que interessada nesse processo e devemos participar ativamente das discussões, visto que não pode se tratar de uma solução “tirada do colete”. O assunto é sério, deve ser ampla e profundamente debatido, sem nenhum açodamento – inclusive em audiências públicas promovidas no âmbito do Congresso Nacional -, sendo imprescindível a ausculta e a discussão das manifestações daquela que é a principal atingida por tal mudança: a sociedade brasileira. |
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