Greve: uma reflexão
Com o movimento paredista de ontem atingindo entre 60 e 70% do funcionalismo em todo o Brasil, chegando a 90% no Rio de Janeiro, conseguimos passar a mensagem de revolta tanto pela forma como temos sido tratados pelo governo, como o termos sido preteridos em junho passado, com a edição de medidas provisórias que contemplaram categorias congêneres à nossa com até o triplo do que recebemos a título de reajuste. Precisamos, porém, apertar mais a mobilização. Queremos o respeito do governo no trato conosco, posto que, de nossa parte, temos sido sempre sérios em nossas negociações. Quantas vezes, ao longo de anos de tratativas, não passamos para o funcionalismo uma idéia positiva, para no momento seguinte levarmos um balde de água fria, porque o governo fazia "o dito pelo não dito"? Está aí o exemplo da Polícia Federal: na reunião de anteontem, no MPOG, Sérgio Mendonça nos informou ter um encontro com os representantes daquela categoria no dia seguinte. Hoje, os jornais nos dão notícia do "compromisso". Após esperarem por duas horas seguidas na ante-sala do Secretário de RH sem que este aparecesse ou seus assessores dessem uma explicação convincente para sua ausência, os policiais federais se retiraram do MPOG, ofendidos com o descaso de Mendonça. Sem a greve, não teríamos conseguido nem a reunião e nem o início de negociação – já admitida por Sérgio Mendonça. O que está faltando para você aderir? A categoria demonstrou, em 28/3 e agora novamente, que está disposta a lutar pelo que acredita. Você, que ainda não aderiu ao movimento, ainda tem tempo de fazê-lo. Queremos solução rápida para as nossas reivindicações, mas isso só acontece com a concorrência de todos para o objetivo comum. Se temos que pressionar, que seja da forma mais intensa possível. E, para isso, você é muito importante. Aqui vale também a velha lógica dos tributaristas: se todos contribuem, todos acabam pagando menos! Ou, em linguagem matemática, quanto mais forte o movimento, em menos tempo se tende a ver os resultados do esforço. Não se iluda: estamos há quase um ano em conversas e tivemos pelo menos 10 reuniões – todas infrutíferas: só depois que anunciamos a greve é que o governo – na véspera do movimento – admitiu negociar (mesmo sem apresentar proposta, prazo ou compromisso) |