Edição 2 - 11/01/2007

Querem aparelhar o BC !!!!

Foi recebida com surpresa no SINAL a matéria do Correio Braziliense de 27/12/2006, sob o título "PT reivindica cargos no BC", na qual servidores de um auto-denominado "Núcleo de base dos servidores do Banco Central" teriam solicitado a nomeação de petistas para duas diretorias da Instituição.

O SINAL teve acesso ao texto do documento, que você pode ler na íntegra clicando aqui, e informa o seguinte, em complemento àquela matéria:

O tal "núcleo" também reivindica que o partido (PT) solicite cargos de "segundo escalão": chefias de unidade e cargos nas áreas de assessoria parlamentar, ouvidoria e relações institucionais.

Na visão do grupo, as mudanças melhorariam a "defesa política do governo", a "preservação de espaço", a "maior interação com o parlamento, demais entes do Estado e entidades representativas da sociedade civil".

Embasa a necessidade de mudanças alegando também que a direção, as chefias, e o BACEN – ou seja, o conjunto do funcionalismo – estão em "unidade ideológica" em torno do conservadorismo e do anti-petismo.

Além do mais, afirma que houve campanha ostensiva contra o Governo Lula no correr das últimas eleições, que "o ambiente tornou-se constrangedor para os servidores identificados com o PT" aqui no BC, e que nas crises do Governo Lula o alto escalão mostrou-se "muito diligente em buscar informações e vazar informações prejudiciais ao Governo".

Nossos comentários:

  • desconhecemos a existência desse "núcleo de base" e pedimos aos colegas que o compõem que se identifiquem;
     

  • como verdadeiro sindicato da base dos servidores do BC, não discutimos a indicação de nomes para cargos públicos pelo simples fato de não termos mandato da categoria para isso;
     

  • no entender de Conselho Nacional do SINAL, conquanto se entenda ser legítima a discussão quanto ao perfil mínimo para o exercício de cargos na administração pública – em especial no BC -, a vinculação partidária não se constitui em pré-requisito nem em diferencial para o seu preenchimento;
     

  • posicionamo-nos contra a tentativa de aparelhamento da instituição, intenção expressa na necessidade que o núcleo vê em ter quadros do partido em cargos-chave para defender o governo e, por que não, ser "menos diligente" no levantamento de informações envolvendo escândalos do Governo Lula;
     

  • iniciativas dessa natureza reforçam a necessidade de se retomarem as discussões quanto à autonomia operacional e administrativa do BC sob a perspectiva do Estado brasileiro, lembrando que a moeda é um bem público e que é missão do BC zelar pela sua estabilidade. O SINAL, há mais de 20 anos, vem acumulando um acervo de discussões que, levando em conta a realidade mundial, a necessidade do país e o interesse público, o levou a propor, em sua 20ª AND, uma nova missão para o BC: a estabilidade da moeda com desenvolvimento econômico e social, a solidez do sistema financeiro e a proteção da economia popular.

No momento em que deveríamos estar discutindo a diminuição da ingerência político-partidária na atuação do Estado brasileiro, o fortalecimento dos servidores concursados, a diminuição dos cargos em comissão e a necessidade de se melhorar a competência e a eficiência dos serviços prestados ao cidadão, tal iniciativa só pode ser explicada por interesse menores, espúrios e até pessoais.

O BC deve estar voltado ao cumprimento de sua missão, que deve ser ampliada, com eficiência. Propor o preenchimento de vários cargos, sobretudo pela preferência partidária, significa colocar a instituição a serviço de um partido, não do povo brasileiro.

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