Edição 0 - 11/08/2003

Sobre a segunda grande marcha dos servidores em Brasília






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Extra¡do de "Vidros quebrados, tiros no p‚", de Fl vio Aguiar
para o site Carta Maior, em 8.8.03, a prop¢sito do "quebra-quebra" feito
no edif¡cio do Congresso:

"(…) Entretanto, nÆo foi o que apareceu nas manchetes de
jornais … noite, como o da Record. O tom era o seguinte: "manifesta‡Æo
dos servidores termina em quebra-quebra" e "manifesta‡Æo dos servidores ataca o
Congresso Nacional", numa clara distor‡Æo dos acontecimentos.

NÆo sei quais foram as razäes alegadas para a provoca‡Æo, que
s¢ os provocadores podem declinar. De qualquer modo o gesto ‚ inaceit vel, seja
como agressÆo ao Congresso, seja como desrespeito … manifesta‡Æo e aos
manifestantes
. Mas fiquei pensando no que pode ter aberto espa‡o para que
tal gesto encontrasse receptividade em algum agrupamento pol¡tico e talvez mesmo
adeptos de tal ato, naquele momento, que por sua vez serviu de pretexto para
o desvirtuamento das repercussäes pol¡ticas da manifesta‡Æo, que foi imponente,
para dizer o m¡nimo
.

NÆo pude deixar de alistar entre as razäes o fato de que o
governo, que encaminhou mal desde o in¡cio a reforma e a sua defesa, alimenta
esse tipo de exaspera‡Æo com sua determina‡Æo, que fica cada vez mais clara:
negocia com quem tem poder, nÆo com quem defende princ¡pios
. O governo
negociou
com os governadores, com o Judici rio, com os seus aliados, at‚ com
os que encontrou na oposi‡Æo, mas nÆo com os funcion rios atrav‚s de seus
representantes, nem com os dissidentes de sua pr¢pria base partid ria.

Agora, provavelmente vamos assistir ao deprimente epis¢dio da expulsÆo dos trˆs
dissidentes apontados como "radicais". E junto com este vir  tamb‚m o deprimente
epis¢dio da puni‡Æo mais branda, menos branda, em rela‡Æo aos oito parlamentares
que se abstiveram na primeira vota‡Æo.

Tudo isso ‚ um p‚ssimo exemplo. O governo est  amea‡ando se
suicidar, a m‚dio e longo prazo, nÆo com um, mas com dois tiros no p‚.
Primeiro
, acerta no pr¢prio p‚ ao manifestar tanto desprezo por bases
tradicionais de apoio, embaido pela pr¢pria popularidade
, principalmente a
de seu l¡der. Segundo, atira no outro p‚ ao continuar fazendo de sua
negocia‡Æo com a agenda neoliberal o prato principal da refei‡Æo pol¡tica que
oferece
, em detrimento das pol¡tica sociais prometidas, em que patina, se
atola, escorrega, tergiversa, anuncia e protela an£ncios e nÆo define atitudes
que possam apontar encaminhamentos. (grifos nossos)

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