CABO, FRIO MESMO

    Neste inverno nossa linda cidade praiana está mesmo a confirmar o que seu nome diz, não tenham dúvidas. Venho aqui desde os anos 60. Muitas vezes fiquei em Pousadas, em Hotéis, depois passei a alugar uma casa na Av. Assunção, e finalmente comprei a casa do bairro do Braga, há mais de 30 anos. Vivo aqui direto desde o ano de 2003. Sinceramente nunca senti tanto frio seguido, com temperaturas até abaixo de 13 graus, mesmo de dia. Próximo à praia chega a beirar os 10 graus.  No verão tivemos altas temperaturas, alguns dias um pouco acima de 40 graus. Neste inverno, fazendo jus à estação do ano e não à tradição desta cidade, tenho usado luvas, touca, meias grossas, em alguns dias além da camisa e da camiseta ponho até agasalho, mesmo estando em casa. Acreditem. Para quem vive no sul do país pode parecer um exagero, tanto os meus cuidados na minha proteção contra este nosso frio, como o que digo desta fase bem gelada. Outro dia brinquei com um amigo dizendo que agora só falta nevar por aqui. Afinal, nesta cidade, todo ano, no inverno, nós sentimos frio, sim, mas desta vez até os termômetros estão estranhando.  À noite, haja manta grossa para esquentar nossos corpos mesmo com roupa quente, touca, luvas e meia. Mesmo assim temos levantado no horário habitual para tomar café e fazer nossas caminhadas diárias. Lena vai à rua para caminhar, eu não, já de há muito faço aqui mesmo em nosso terreno, mas isto eu explico outro dia. Garanto que é mais seguro em todos os sentidos e desenvolvo mais. Hoje, quando escrevo este texto, está céu claro, tem sol, mas a temperatura, na sombra, é bem baixa. Máxima para hoje de 23 graus. Eu disse máxima. Em outros dias, mesmo sendo claros, a máxima tem ficado até menor. Nos dias em que o vento sopra mais forte, o que nesta cidade é coisa muito comum, a sensação de frio, como sabem, aumenta bem mais. Na praia, então, nem pensar em ir, mas mesmo assim vejo pela TV que alguns corajosos encaram até ondas, principalmente surfistas.  Digo TV porque temos aqui, pela Costa do Sol, cinco canais locais, sendo que dois deles mostram o tempo todo tanto a praia quanto o Canal de Itajuru ou o centro da cidade. Isto às 24 horas do dia. Imagem e música. Tratando-se de uma cidade praiana, paraíso para muitos turistas no verão, um lugar agradável para morar, Cabo Frio tem passado por mudanças radicais, nem todas do agrado de quem a conhece há tanto tempo e a ama, como eu.  As lindas e imensas dunas que tínhamos no bairro do Braga, em frente ao meu condomínio, foram sendo destruídas, ou reduzidas, devido a tirarem areia para construção e outros fins. Lamentável, pois a autoridade maior nada fazia contra. Eu vi, acompanhei esta barbaridade durante muito tempo. As dunas do Braga já foram em maior quantidade e hoje, além disso, são bem menores do que eram no passado. As que resistiram em situação melhor são as que ficam na proximidade da estrada para Arraial do Cabo e mais para dentro a famosa “Dama Branca”. Esta continua muito grande, linda, mas fotografar por lá é sempre correr risco de ser assaltado hoje em dia. O progresso tem destruído muito de um passado que deveriam preservar com mais amor. Felizmente ainda existem muitas casas que não cederam à tentação de se transformarem em prédios de apartamentos. A parte mais antiga da cidade até que continua bem conservada. Gosto de fotografar por lá.  O trânsito, entretanto, está ficando quase insuportável, mas essas mazelas todas serão assunto para outra crônica.  Acredito que hoje se o navegador genovês, Américo Vespúcio, que passou por aqui em 1502 e disse “se o paraíso existe na Terra certamente não estará muito longe desta região”, voltasse a freqüentar esses mares provavelmente não teria a mesma opinião.

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