Dentro da equipe econômica do governo, há duas avaliações sobre o desempenho pífio do Produto Interno Bruto (PIB). Uma corrente desenvolvimentista, mais ligada ao Ministério da Fazenda, credita o baixo crescimento do país à fraca retomada de países como Estados Unidos e China. Outra, mais ligada ao pensamento do Banco Central (BC), coloca a culpa no intervencionismo estatal na economia, que serviu só para provocar novas rachaduras na relação de confiança entre empresários e setor público.
Opiniões à parte, a ordem do Planalto é alinhar o discurso de governo em favor do combate à inflação e da reação da economia, para pelo menos salvar 2014, ano da corrida eleitoral. A assessores, a presidente Dilma Rousseff já avisou que não quer disputas internas, sobretudo entre integrantes da área econômica. A orientação é promover a reaproximação com o setor privado, impedir a piora do custo de vida, fortalecer a política fiscal e acabar com qualquer dúvida que paire sobre a condução da economia.
Na semana passada, durante mais de duas horas, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, esteve reunido com o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade. Na conversa, falaram basicamente sobre confiança do empresariado. Andrade teria assegurado ao ministro que há otimismo, sobretudo entre pequenos e médios empresários.
A fala animou o ministro, que já definiu como prioridade criar nova agenda com o setor produtivo. No dia 23, ele terá uma reunião com presidentes de federações industriais, na sede da CNI. No dia 26, Mantega se encontrará com o Grupo de Líderes Empresariais (Lide). Na reunião, sinalizará a intenção do governo de ajudar o setor privado crescer, o pacote de concessões de infraestrutura em curso, além de reforçar o fim de manobras que serviram para desacreditar a política fiscal.
Para um empresário com trânsito no governo, o que falta para a equipe econômica é clareza e objetividade. “Foram muitas medidas adotadas e, até agora, os resultados são incertos.” À frente de um grupo com receita anual de quase R$ 1 bilhão, ele disse que seria mais prudente que o governo assumisse a bandeira do controle dos preços. “Se o PT sinalizar ao eleitor que a inflação é o vilão a ser combatido, talvez consiga se apresentar como o herói que o país precisa”, lembrou. (VM e DB).