Por Lucas Marchesini e Edna Simão | De Brasília
O ministro da Previdência, Garibaldi Alves, considera irreal a estimativa feita pela área econômica do governo de um déficit de R$ 40,1 bilhões para a Previdência em 2014. Em entrevista ao Valor PRO, serviço de notícias em tempo real do Valor, o ministro estimou que o déficit deve atingir um valor muito próximo do registrado no ano passado, de R$ 49,9 bilhões.
O resultado previdenciário, segundo o ministro subestimado em pelo menos R$ 10 bilhões, poderá comprometer a meta de superávit primário estabelecida pelo governo central. Os R$ 10 bilhões representam 12% da economia de R$ 80,8 bilhões que o governo pretende fazer neste ano.
“Esse número [do decreto de contingenciamento] não foi discutido conosco. Não é a nossa expectativa”, afirmou Garibaldi. No ano passado, a área econômica também projetou despesa menor do que os técnicos do Ministério da Previdência para evitar cortes adicionais no Orçamento e apresentar um superávit primário do governo central aparentemente mais elevado – expediente chamado por economistas críticos do governo de “corte de vento”.
No decreto divulgado no fim de maio do ano passado, a expectativa de déficit da Previdência era de R$ 33,199 bilhões para 2013. Uma previsão otimista, visto que o déficit em 2012 já havia sido de R$ 40,824 bilhões. Ou seja, o governo esperava uma redução de 18,67% nesse resultado negativo. Aconteceu, porém, exatamente o contrário. O déficit de 2012 para 2013 teve um aumento de 22,3%.
Neste ano, a área econômica repetiu a estratégia e foi ainda mais otimista. A expectativa é de redução de 19,6% no déficit de 2013 para 2014. De acordo com Garibaldi, as previsões subestimadas no decreto de programação orçamentária acabam depondo contra o Ministério da Previdência. “Quando as previsões não são cumpridas, nós somos considerados os vilões”, disse o ministro. Ao assumir a pasta, no início do governo Dilma Rousseff, Garibaldi disse que estava “pegando um abacaxi”.
Procurado, o Ministério da Fazenda não quis comentar as diferenças nas estimativas.
Fonte: Valor Econômico