Um elemento novo no discurso do presidente do Banco CENTRAL, ALEXANDRE TOMBINI, mudou as perspectivas para o rumo da política monetária. O alerta sobre um choque de preços de alimentos, feito durante sua participação em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos no Senado, eliminou da pauta a discussão sobre o fim da alta de juros no encontro de abril. Agora, o mercado considera certa uma nova dose de 0,25 ponto da Selic e bastante provável um novo ajuste na mesma magnitude em maio. Mais doses de alta não estão descartadas e já há quem diga que o processo pode seguir para além das eleições, em outubro.
A afirmação de TOMBINI confirmou um quadro que o mercado já enxergava e que influenciava a dinâmica dos ativos de renda fixa nos últimos dias: a estiagem provocou uma disparada dos preços dos alimentos in natura e, consequentemente, tornou mais preocupante o rumo da inflação. Basta ver o resultado da segunda prévia do IGP-M de março, que subiu 1,41%, ante 0,24% em igual período de fevereiro. O resultado foi puxado principalmente pela pressão de preços de alimentos no atacado: o IPA agropecuário avançou 5,1%, enquanto o IPA industrial subiu 0,69%.
Essa novidade no cenário pegou em cheio as perspectivas de inflação. A pesquisa Focus mostrou uma alta da estimativa para o IPCA neste ano, de 6,01% para 6,11%. Já a chamada inflação implícita das NTN-Bs, papéis atrelados ao IPCA, foi para o maior nível do ano. O papel com vencimento em 2015 já embute uma expectativa de inflação de 6,78%, enquanto vencimento 2017 projeta 6,36%.
Fonte: Valor Econômico