Escalada dos juros faz saldo da caderneta de abril ficar negativo pela primeira vez desde fevereiro de 2012, no pior resultado mensal em três anos
Para analistas, a menor atratividade da poupança reflete a piora gradual da economia e, em especial, a elevação dos juros básicos (Selic), que iniciou sua trajetória há um ano. A taxa saiu da mínima histórica, de 7,25% ao ano, para os atuais 11%. Com isso, melhorou também a rentabilidade de fundos de investimentos, que apresenta mais chances de ganhos toda vez que a Selic sobe.
“Até o ano passado, havia muitos poupadores resgatando cotas nos fundos de investimento para aplicar na poupança, que, além de ser isenta de Imposto de Renda, não paga taxa de administração”, recordou o vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira. “Mas, à medida que o BC passou a subir juros, mais gente migrou da poupança para esses fundos, com rentabilidade maior”, explicou.
Há um ano, os depósitos na caderneta cresciam a taxas mensais superiores a 10%. Em dezembro, quando há mais dinheiro circulando na economia em função do pagamento do 13º salário, a expansão foi de 23%. O quadro mudou à medida que as contas de início de ano apareceram, e engoliram o dinheiro a mais de dezembro. Em 2014, até abril, os depósitos avançaram 12,6%. Em igual período no ano passado, essa expansão foi de 14,3%.
Custo de vida
Outro fator que levou a um menor crescimento dos depósitos foi a alta do custo de vida. Com a corrosão do poder de compra pela inflação, sobrou menos dinheiro no bolso para poupar. “Antes, o salário do trabalhador dava para comprar tudo, e ainda sobrava alguma economia”, refletiu Oliveira.
A correção da poupança é pré-fixada em 6,17% ao ano mais a variação da Taxa Referencial (TR). Assim, como a expectativa do mercado é que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ultrapasse o teto da meta oficial, de 6,5% ao ano, é bem provável que a poupança fique no vermelho em 2014. “O investidor está atento a isso e procura aplicações mais rentáveis”, lembrou o diretor de gestão de recursos da Ativa Corretora, Arnaldo Curvello.
Fonte: Correio Braziliense